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Diferenças entre católicos e evangélicos

Os católicos e os protestantes ou evangélicos são dois ramos muito importantes do cristianismo, e no Brasil constituem a grande maioria dos cristãos. Dos 212 milhões de brasileiros em 2024, cerca de 30% são evangélicos. É difícil saber o número exato de católicos, mas o valor ronda os 50%.

O Vaticano (fonte: Pixabay)

Mas não esqueçamos que também há ortodoxos e outras igrejas ditas orientais no Brasil, ainda que em número reduzido. Os ortodoxos estão mais próximos dos católicos do que dos evangélicos, mesmo que haja diferenças significativas.

Quais são as principais diferenças, mas também o que é que têm em comum? Claro que também há muitas diferenças entre as várias denominações evangélicas, mas não vamos falar disso neste vídeo.

Importante notar também que neste vídeo estaremos usando o termo evangélico, que em português também pode ser traduzido como protestante, pelo menos para os chamados movimentos históricos, como as igrejas presbiteriana e luterana.

Vejamos então 10 diferenças fundamentais entre católicos e evangélicos.

Primeira diferença, antecedentes históricos

Tanto os católicos como os evangélicos reivindicam a Bíblia como a sua fonte de fé. Provavelmente, a principal crença partilhada pelos católicos e pela grande maioria dos evangélicos é a doutrina da Trindade. Isto significa que Deus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Jesus é inteiramente Deus, mas também inteiramente humano. Fundou a sua Igreja, provavelmente nas bodas de Caná, como lemos no capítulo 2 do Evangelho de João.

Dito isto, o protestantismo surgiu formalmente em 1517, ou seja, no século XVI, com o monge Lutero, pelo menos é essa a data simbólica. Em 31 de outubro de 1517, Lutero publicou 95 teses na igreja de Wittenberg, uma pequena cidade da Alemanha.

É importante notar que tanto Martinho Lutero como João Calvino eram católicos. Eles protestaram contra os abusos da Igreja Católica, em particular contra as indulgências.

A Igreja Católica é oficialmente muito mais antiga. A primeira menção formal foi feita em 107 d.C. por Inácio, bispo de Antióquia. Numa carta, ele menciona a Igreja Católica e o seu clero. Falou do vinho que se tinha tornado o sangue de Cristo. A palavra católico, em grego, significa universal.

Segunda diferença, sobre a natureza da igreja

Os evangélicos acreditam numa igreja única e invisível. Isto significa que qualquer pessoa pode criar a sua própria igreja. O resultado são atualmente dezenas de milhares de denominações diferentes em todo o mundo.

Para os católicos, por outro lado, o que é fundamental é a comunhão e a unidade das igrejas entre si. A nível regional, um bispo garante a unidade e, evidentemente, a nível mundial, o Papa garante a unidade das diferentes igrejas católicas.

Os católicos acreditam que são os sucessores da primeira igreja e da primeira comunidade cristã. Os protestantes, pelo contrário, não atribuem grande importância histórica. Referem-se à Bíblia.

Terceira diferença, a escritura e o papel da Bíblia

A Bíblia é a fonte das principais diferenças entre católicos e evangélicos. Ambos acreditam que a Bíblia contém todas as verdades necessárias para a salvação.

Mas para os evangélicos, a Bíblia mantém-se por si só. É o famoso dogma ou doutrina da Sola Scriptura, ou seja, só a Escritura. Para os católicos, não é apenas a Bíblia, mas todo o património da comunidade católica, ou seja, a tradição da Igreja.

De um ponto de vista prático, para os evangélicos, qualquer pessoa pode interpretar a Bíblia, por exemplo, para uma passagem complexa, sem a ajuda de um pastor ou de um teólogo. No entanto, os católicos devem recorrer à comunidade católica e ao magistério.

Para além disso, a Bíblia católica contém 73 livros e a protestante 66. A diferença reside nos livros do Antigo Testamento; os protestantes retiraram 6 livros escritos em grego do Antigo Testamento. O Novo Testamento tem o mesmo número de livros nas Bíblias católica e protestante.

Quarta diferença sobre Maria

Chegamos agora a uma diferença fundamental. Para os evangélicos, Maria, a mãe de Jesus, é uma pecadora, por assim dizer, quase como os outros seres humanos. Mas para a Igreja Católica, Maria foi preservada do pecado original e é, por isso, como o seu filho Jesus, cheia de graça.
O que os católicos e os evangélicos têm em comum é o facto de considerarem que Jesus nunca pecou.

Voltemos a Maria. Os católicos acreditam que ela subiu ao céu com o seu corpo, daí a festa da Assunção, celebrada a 15 de agosto. Os protestantes acreditam que Maria morreu naturalmente anos depois da morte de seu filho Jesus e não subiu ao céu dessa forma. A Assunção não é mencionada na Bíblia; é, de facto, uma festa criada no século vinte pela Igreja Católica. De acordo com os protestantes, a oração de Maria enfraquece a deidade de Cristo, porque Cristo é o único mediador com o Pai. Para os católicos, Maria reza pelos vivos. Para os evangélicos, não se deve rezar a Maria, apenas a Jesus Cristo.

Quinta diferença, diz respeito ao Papa

Para os católicos, o Papa, atualmente o Papa Francisco, está no topo da hierarquia sagrada católica.

Os evangélicos em geral não acreditam numa hierarquia sagrada. Embora possa haver frequentemente um chefe ou líder, pelo menos nalgumas denominações. Para os católicos, o primeiro Papa foi o apóstolo Pedro. Os papas são, portanto, os sucessores de Pedro. Os católicos acreditam que a promessa que Cristo fez a Pedro, tal como lemos em Lucas capítulo 22, versículo 32: “Rezei para que a tua fé não desfaleça”, se aplica não só a Pedro mas também aos seus sucessores.

Um importante dogma da Igreja Católica é a infalibilidade do Papa. Isto significa que o Papa não pode cometer um erro quando fala em nome da Igreja.

Os evangélicos, por outro lado, acreditam que a promessa feita a Pedro termina com Pedro. Ninguém é infalível, nem mesmo um líder da igreja.

Sexta diferença, os padres

Para os católicos, o sacerdote é a pessoa que oferece o sacrifício. Para os evangélicos, todos os cristãos são sacerdotes, segundo o Livro do Apocalipse. Todos podem oferecer a Deus sacrifícios que Ele aceite e que lhe sejam agradáveis.
Entre os católicos, todos os cristãos podem oferecer sacrifícios, mas para os católicos há também ritos que só podem ser realizados por uma pessoa. Por isso, é instituído um sacerdócio.

Sétima diferença, celibato

Para os evangélicos, um pastor pode não se casar, mas esta é uma escolha privada. De facto, muitos pastores evangélicos são casados e têm filhos. Para os católicos, uma pessoa que permanece celibatária é um homem ou uma mulher consagrados. Só os homens consagrados são recrutados como padres para celebrar os sacramentos. Os pastores evangélicos não são obrigados a ser celibatários. Entre os católicos, há algumas excepções, como os padres maronitas.

Oitava diferença, vida após a morte e o papel das boas obras

Tanto para os católicos como para os evangélicos, após a morte existe o céu ou o inferno. Mas para os católicos, se depois da morte a alma ainda tiver vestígios do seu passado pecaminoso, como por exemplo falar mal do próximo, a pessoa pode ainda ser perdoada por Deus, mas passando pelo purgatório. É de notar que os vivos podem rezar para que esta purificação no purgatório seja mais rápida. Portanto, há missas para celebrar os mortos.
Os evangélicos não têm purgatório e, portanto, não rezam para acelerar a passagem pelo purgatório.
Há também uma diferença no que respeita ao julgamento, aos critérios pelos quais seremos julgados. Em ambas as religiões, a fé salva pela graça divina. Mas para os católicos, as boas obras cooperam para a salvação. Para os protestantes, as boas obras servem para dar testemunho da graça recebida.

Nona diferença, os santos

Para os católicos, as pessoas que regressaram diretamente ao céu após a morte, ou seja, sem passar pelo purgatório, são santos e rezam por nós. Os católicos podem também pedir diretamente aos santos que rezem por nós e, por intercessão deles, Deus pode fazer milagres. Os evangélicos, pelo contrário, recusam-se a rezar aos santos. Para o protestantismo, isso é uma blasfémia, porque só se deve rezar a Deus. Os católicos fazem uma distinção subtil entre rezar, que pode ser entendido como pedir aos santos, e rezar como adorar, que diz respeito apenas ao Deus.

Décima diferença, culto, particularmente a Ceia do Senhor

Para os católicos, o culto público está centrado nos sacramentos. Existem 7 sacramentos no dogma católico. Os evangélicos reconhecem apenas 2 sacramentos, o batismo e a Ceia do Senhor. Para os católicos, a Ceia do Senhor é também chamada Missa ou Eucaristia, do grego para “ação de graças”. Para os cristãos, a Ceia do Senhor ou Eucaristia refere-se à celebração da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Para os católicos, a Eucaristia, ou seja, a consagração do pão e do vinho, torna-se literalmente o corpo e o sangue de Cristo. Esta transformação é conhecida como transubstanciação, porque o pão e o vinho mudam de substância e de natureza. No Protestantismo, a Ceia do Senhor tem muitas vezes um valor mais simbólico, pelo menos para teólogos como Calvino e Zwingli.

30.08.2024. Fonte e inspiração: “Catholiques et Protestants: quelles différences, do Frère Paul-Adrien

Observação da redação: este artigo foi modificado em 30.08.2024

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