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Sífilis

Resumo sobre sífilis

A sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST) de origem bacteriana, que em determinados momentos de sua evolução pode ser contagiosa. A sífilis apresenta no inicio da infecção, sintomas leves que podem levar à graves complicações, se houver ausência de tratamento. Existem três estágios sintomáticos da doença, além da forma latente.

fases sífilis

A principal forma de transmissão é através do sexo sem proteção, mas a sífilis ainda pode ser transmitida por transfusões de sangue e de mãe para filho durante a gravidez ou no parto.

O diagnóstico é feito através de exames clínicos e exames de sangue, com a dosagem de anticorpos contra o Treponema pallidium, bactéria causadora da sífilis. Outros exames laboratoriais podem auxiliar o diagnóstico.

A sífilis não tratada pode levar a sérias complicações, como problemas psiquiátricos, paralisias ou ainda insuficiências aórticas. Em mulher grávidas, pode causar abortos, prematuridade e diversas alterações no bebê.

O tratamento é feito através de antibióticos, na maioria das vezes penicilina ou derivados. O acompanhamento médico durante o tratamento é muito importante, assim como a realização rotineira de exames clínicos ou laboratoriais.

Exames de pré-natal para detecção da sífilis devem ser feitos rotineiramente, além de exames periódicos em bebês nascidos de mãe com sífilis.

Definição

A sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST). Tata-se mais precisamente de uma doença infecciosa de origem bacteriana.

Existem três estágios da sífilis, além da sífilis latente (ver em sintomas sífilis).

Sífilis congênita é a disseminação Treponema pallidum (bactéria causadora da sífilis), através da placenta da gestante infectada não-tratada ou inadequadamente tratada para o feto.

História da sífilis

Alguns estimam que a sífilis teve sua origem na Europa, no século XV, com o retorno de Cristóvão Colombo ao continente, este teria trazido a sífilis da América Central, outros acreditam que a doença tem uma origem ainda mais antiga. Qualquer que seja a origem, a sífilis ainda é uma doença comentada. Trata-se de uma das DST mais problemáticas dos nosso tempos, pois algumas complicações sérias podem levar à morte, se não houver o tratamento adequado.

A transmissão de sífilis não era muito freqüente até os anos 80 e começo dos 90, quando os índices da doença começaram a aumenta abruptamente, principalmente dos países desenvolvidos como Estados Unidos e Europa. No final da década de 90 os casos diminuíram, mas voltaram a aumentar em 2001 e vem aumentando a cada ano.

Acredita-se que o aumento do número de casos esteja relacionado com o aumento da atividade sexual das pessoas.

O célebre gangster americano Al Capone, apelidado Scarface, do seu verdadeiro nome Alphonse Gabriel Capone, sofria de sífilis e, mais especificamente, de neurossífilis. Esta doença deu origem aos seus distúrbios psiquiátricos. Estes últimos se manifestaram especialmente quando ele estava preso na célebre Ilha de Alcatraz, nas proximidades de San Francisco (Califórnia). Nos anos 1930, a penicilina ainda não estava disponível no mercado.

Henri de Toulouse-Lautrec
O pintor francês Henri de Toulouse-Lautrec morreu com a idade de 36 anos em 1901, de complicações de sífilis e alcoolismo. Ele teria pego sífilis de uma prostituta chamada Rosa la Rouge, que era uma modelo para suas pinturas.

Epidemiologia

– Em 2016, o número de novos casos de DST atingiu níveis recorde nos Estados Unidos, com mais de 2 milhões de casos de clamídia, gonorreia e sífilis, de acordo com um relatório anual dos centros americanos de controle e prevenção de doenças (U.S. Centers for Disease Control and Prevention ou CDC) publicado no final de setembro de 2017. Os números de novos casos de clamídia em 2016 totalizaram 1,6 milhões, de gonorreia 470.000 e de sífilis 28.000. Este é o maior número de DSTs de todos os tempos, de acordo com este relatório. Cerca de metade dos casos de clamídia foram diagnosticados em mulheres jovens. Um número significativo de novos casos de gonorreia ocorreu em homens que fazem sexo com homens. A maioria dos casos de sífilis foi encontrada em homens homossexuais e bissexuais. O relatório também menciona mais de 600 casos de sífilis em recém-nascidos (sífilis congénita), com mais de 40 mortes. Entre 2015 e 2016, o aumento no número de casos de sífilis aumentou 18% sempre de acordo com o CDC.

– No Brasil, em 2018, houve 158.051 casos de sífilis adquirida (com exceção da transmissão materno-fetal). Isso representa 75,8 casos por 100.000 habitantes, contra 59,1 casos por 100.000 habitantes, conforme reportado pela Folha de S.Paulo em 5 de novembro de 2019.
No Brasil, no período de 2010 a junho de 2016 foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 227.663 casos de sífilis adquirida. No Brasil, em 2015 o número total de casos notificados de sífilis adquirida foi de 65.878. Entre 2014 e 2015, houve um aumento de 32,7% nos registros da doença.
Em 2016, foram notificados 87.593 casos de sífilis em adulto, de acordo com o Ministério da Saúde no Brasil. Entre 2015 e 2016, houve um aumento de 27,9% nos registros de sífilis em adulto.

Causas

sífilis causasA sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidium. Em 1905, o cientista alemão Fritz Schaudinn identificou o microrganismo causador da sífilis (Treponema pallidum).
Trata-se de uma doença cuja transmissão é feita principalmente por via sexual (em 95% dos casos).
Determinadas esfoliações encontradas, por exemplo, nas mucosas da vagina são verdadeiras portas de entrada da bactéria. As esfoliações ocorrem durante o ato sexual, tanto no homem quanto na mulher.

Ressaltamos também que o cancro, um sintoma freqüente  do primeiro estágio da sífilis (ver em sintomas) é uma fonte muito importante de transmissão da sífilis, é altamente contagioso.

A transmissão ocorre durante os estágios primários e secundários da doença e ocorre aproximadamente em 30% das vezes onde há o contato de pessoas infectadas com não infectadas.

Em certos casos, mais raros, a transmissão da bactéria Treponema pallidium pode ser feita por contatos cutâneos, picadas ou ainda cortes, isso afeta principalmente a pessoa que está tratando.

Um paciente com sífilis é altamente contagioso, especialmente no primeiro ano após a infecção.

Transmissão vertical sífilis (durante a gravidez ou parto)

– ocorre em qualquer fase gestacional e em qualquer fase da doença. No entanto quando a gestante está nas fases primarias e secundárias o risco de transmitir para o feto é bem maior.

– a transmissão também pode ocorrer na hora do parto ou durante a amamentação, caso haja lesões genitais e mamarias na mãe.

– Em 40% dos caso de crianças infectas a partir de mães não tratadas, ocorre aborto espontâneo, natimorto ou morte perinatal.

Existe também a transmissão por transfusão de sangue, mas que hoje em dia são raros os casos, pois existem testes que são realizados antes da transfusão.

Grupos de risco

Os grupos de risco são as pessoas sexualmente ativas,que não utilizam preservativos nas relações sexuais com parceiros já infectados. A sífilis pode ser uma verdadeira porta de entrada para o vírus da aids, por isso é importante ser prudente, sempre utilizar um preservativo, ou ainda, ser fiel ao seu (sua) parceiro (a).

Grupos de risco associados a sífilis durante a gravidez:

– Pobreza

– Promiscuidade sexual

– Profissional do sexo

– Uso de drogas ilícitas

– Infecção viral imunodeficiente

– Ausência de pré-natal

Sintomas

Antes de detalharmos os sintomas da sífilis, ressaltamos que os sintomas aparecem progressivamente, sendo que no início os sintomas não são tão detectáveis, o que dificulta diagnosticar rapidamente a doença.

Notamos também que o tempo de incubação (tempo que separa a contaminação e o aparecimento dos primeiros sintomas) da sífilis é de 2 a 6 semanas.

Na seção “sintomas da sífilis”, destacamos 3 estágios, os 2 primeiros são infecciosos (isto quer dizer que uma pessoa afetada pela sífilis pode contaminar o seu parceiro), o terceiro estágio não é infeccioso.

Estágio primário da sífilis

Este estágio ocorre entre a terceira e a quarta semana que seguem a infecção, a pessoa pode apresentar os sintomas seguintes:

– O aparecimento de uma ferida altamente infecciosa e indolor, que se assemelha a uma pequena ulceração que chamamos de cancro. O cancro pode se manifestar no pênis ou nos órgãos genitais externos da mulher. Notamos também, mas raramente, cancros na boca (lábios) ou no reto (ânus). É importante observar que o cancro pode ser bem pequeno e passar despercebido.

– Adenopatia, ou seja, um inchaço dos gânglios linfáticos.

Muitas pessoas por não sentir dor e devido ao desaparecimento do cancro em algumas semanas, não procuram auxilio médico e não realizam tratamentos. Destas pessoas, 25% desenvolvem o estágio secundário da sífilis.

Estágio secundário da sífilis

Este estágio aparece entre 2 meses a  4 anos após o início da doença (estágio primário) que pode ter sido sintomático (presença de cancro) ou não. Nesse estágio é possível notar principalmente:

– Uma erupção cutânea com manchas vermelhas (rosadas) sobre a pele (sobre o torso e o abdómen, por exemplo) e/ou erupções maculopapulosas cutâneas.

– Febre, fadiga, dor de cabeça, dores musculares (sintomas que se assemelham à síndrome gripal)

 – Em certos casos (raro), pode haver queda de cabelos (tufos)

Podemos observar também nesse estágio, a ocorrência de meningites, hepatites ou ainda distúrbios renais e articulares. Esses sintomas do estágio secundário evoluem por surtos.

Após 4 a 12 semanas, é possível observar uma longa diminuição da expressão desses sintomas, isso marca o início de uma fase assintomática que pode durar por muito tempo.

Estágio latente (geralmente entre o segundo estágio da sífilis)

Na maioria das vezes é assintomático, mas pode continuar transmitindo a doença durante o primeiro ano.

Estágio terciário da sífilis

É interessante ressaltar que sem o tratamento adequado, apenas 1/3 dos pacientes são afetados por esse terceiro estágio, que aparece geralmente entre 8 a 10 anos após o surgimento do estágio secundário, em caso de ausência de tratamento, mas pode aparecer entre 1 a 30 anos depois do surgimento da doença. Esse estágio pode ser bastante problemático e pode levar à morte se não for tratado.

Os diferentes sintomas desse estágio podem ser muito variáveis, para alguns pode se tratar de complicações psiquiátricas, para outros complicações neurológicas (paralisias, demência) ou ainda insuficiências aórticas.

No Ocidente, o estágio terciário é muito raro, pois após a introdução dos antibióticos no início do último século, foi possível impedir o seu aparecimento.

Estágio latente (geralmente entre o segundo estágio da sífilis)

Na maioria das vezes assintomático, mas continua transmitindo a doença.

Infecção congênita da sífilis (ver em complicações)

Outra classificação da sífilis

A sífilis também pode ser classificada em 2 fases, a sífilis  precoce que se manifesta em até 1 ano (após a infecção) e a sífilis tardia que se manifesta depois de 1 ano da infecção.

A sífilis precoce inclui a sífilis primária, secundária e latente precoce (assintomático). A sífilis tardia inclui as formas de sífilis latente tardia (assintomáticos) ou terciárias.

Diagnóstico

O diagnóstico que é assunto exclusivo de seu médico consiste geralmente em uma anamnese, assim como com um exame clínico, que é quase sempre confirmado por exames laboratoriais (microscopia, sorologia, entre outros).

Bebês nascidos de mães infectadas, devem realizar exames periódicos até os 2 anos de vida.

Complicações

Como vimos na seção sintomas da sífilis, as principais complicações da doença afetam sobretudo o estágio terciário da sífilis, com sintomas variáveis tais como: complicações psiquiátricas, neurossífilis, paralisias ou ainda insuficiências aórticas.

Se a sífilis não for tratada ela pode levar à morte.

A sífilis durante a gravidez pode levar a sérias complicações, desde abortos, sífilis congênita (infecção do feto) e prematuridade. Mas também pode não afetar o feto ou ser assintomática (ver em sintomas sífilis). 50% dos casos são assintomáticos no primeiro momento, com surgimento dos primeiros sintomas depois de aproximadamente 3 meses até 2 anos.

Os sintomas da infecção congênita da sífilis são a prematuridade, baixo peso ao nascer, alterações hepáticas e no baço, lesões cutâneas, alterações ósseas e respiratórias, anemia, petéquias, púrpura, alterações renais, surdez e problemas nos olhos.

O estágio da infecção altera o risco de infecção congênita:

– 50 a 100% de sífilis 1ª e 2ª na gravidez

– 40% de sífilis latente precoce na gravidez

– 10% de sífilis latente tardia na gravidez

Tratamentos

sífilis tratamento à base de penicilinaO tratamento de primeira escolha da sífilis consiste na administração de uma dose de antibiótico à base de penicilina por via intramuscular.
Em caso de alergia à penicilina é aconselhável fazer uma dessensibilização para depois iniciar o tratamento à base de penicilina,  ou então também é possível fazer um tratamento à base de tetraciclina, azitromicina e doxiciclina (outras classes de antibióticos).

Atenção, segunda as mais recentes recomendações, o tratamento varia dependendo da fase da doença (estágios primários, tardio, etc.) e se o sistema nervoso central foi atingido ou não. Os médicos geralmente utilizam a benzilpenicilina.

Todos os pacientes devem realizar acompanhamento durante o tratamento para ver sua efetividade, geralmente são feitos exames clínicos e sorológicos (pesquisa de anticorpo) depois de 6 e 12 meses do tratamento.

Dicas

– Em caso de sífilis, é obrigatório ir ao médico e seguir suas recomendações terapêuticas (leia em “sintomas” para conhecer os sintomas típicos).

– Se você estiver afetado pela sífilis, você deve em todos os casos, utilizar um preservativo para não contaminar o seu parceiro. É importante saber que uma pessoa contaminada pela sífilis pode contrair mais facilmente a AIDS/HIV,  portanto caso esteja com sífilis é aconselhável realizar exames de HIV.

Prevenção

– Se você descobrir que é portador de sífilis, evite todo contato sexual não protegido (utilize sempre um preservativo). Converse com o seu parceiro sobre o assunto para que este tenha conhecimento da doença, pois a transmissão pode ser mais fácil durante o período primário e secundário (ver em “sintomas”).

– A utilização de um preservativo é essencial em toda relação sexual com uma nova pessoa. É importante saber que cada vez mais pessoas se tornam portadoras da sífilis (ver em “estatísticas”) e relembramos que a doença é uma verdadeira porta de entrada para o vírus da AIDS. É claro que a fidelidade ao seu parceiro, após ter feito em conjunto uma despistagem de todas as DST, permanece a melhor solução e a mais segura.

– Por fim, é importante ressaltar que uma mulher grávida pode transmitir a sífilis ao seu feto, portanto peça conselhos ao seu ginecologista para evitar essa transmissão.

Fontes:
Ministério da Saúde (Brasil), OMS, Folha de S.Paulo

Última atualização:
03.12.2019

Redação:
Xavier Gruffat (farmacêutico)

Observação da redação: este artigo foi modificado em 03.12.2019

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