Publicidade

Apendicite

Resumo apendicite

Resumo apendiciteA apendicite é uma inflamação dolorosa e perigosa se não for cuidada a tempo. Embora esta condição não seja grave por si só, se for detectada a tempo e tratada imediatamente, a apendicite continua a ser uma emergência médica que é altamente tratável. Se não for tratada, pode causar uma peritonite (infecção generalizada da cavidade abdominal) por colapso do apêndice inflamado e obstruído. A peritonite pode ser fatal.
O apêndice está em uma pequena bolsa no intestino, entre o intestino delgado e grosso, e não tem função no processo digestivo e, em princípio, não incomoda tanto. Este é o apêndice ileocecal. Durante muito tempo, acreditou-se que o apêndice era inútil para o homem após séculos de evolução, sendo uma espécie de relíquia dos tempos passados. Entretanto, parece que este pedaço de intestino é um órgão do sistema linfático, que participa do sistema imune. A sua remoção, durante o tratamento cirúrgico não afeta grandemente o sistema imune, uma vez que esta função é já assegurada do corpo em vários lugares (gânglios linfáticos, etc.).

Por vezes, restos de alimentos e bactérias específicas do intestino se acumulam no apêndice. As bactérias encontradas no intestino e normalmente envolvidas na digestão, podem causar infecção e inflamação do apêndice intestinal, causando a apendicite.

A apendicite é caracterizada por dor intensa, mas difusa, com vômitos e perda de apetite. Esses sintomas não são característicos de apendicite e nem sempre são únicos dessa doença, o que pode atrasar o tratamento. Portanto, se sintomas estão localizados à direita do abdômen, deve-se pensar em caso de apendicite.

Definição

Etimologicamente, é possível compreender a apendicite analisando a palavra. A primeira parte envolve a palavra “apêndice”. Este é o apêndice vermiforme pertencente ao intestino. A terminação “ite” significa inflamação. É, portanto, uma inflamação do apêndice.

Definição apendiciteDurante o desenvolvimento do homem, algumas partes do corpo tornaram-se atrofiadas, por não possuírem mais função. Este é o caso, por exemplo, do cóccix, parte terminal da coluna vertebral, um remanescente dos nossos ancestrais pré-históricos. Em princípio, o cóccix não é mais usado e é lembrado de sua existência apenas na aula de anatomia ou quando caímos e ele se quebra ou se move, causando dor terrível. Isto é verdadeiro também no caso do apêndice vermiforme, parte do intestino grosso, uma vez que não tem função no trato digestivo. Parece, no entanto, que este apêndice serve como um órgão linfático, envolvido na imunidade. O apêndice é normalmente inofensivo, no entanto, pode causar dor severa e fatal, quando a apendicite não é tratada a tempo.

A apendicite pode ocorrer quando o apêndice é bloqueado devido a restos de alimento que se acumulam no apêndice. Esses restos detritos podem se tornar infectados através de bactérias, que geralmente vêm da flora intestinal. Estas bactérias estão normalmente em simbiose com o trato digestivo. Por simbiose, devemos entender que essas bactérias são normalmente inofensivas aos seres humanos e sua presença é muito importante no processo de digestão. Entretanto, essas bactérias podem começar a causar uma inflamação, conhecia como apendicite.

O apêndice tem um comprimento de 10 cm e diâmetro de 1 cm. Ele está localizado no início do intestino grosso.

A apendicite é uma emergência médica.

Epidemiologia

Mais comum em crianças e adultos jovens:
O risco de desenvolver apendicite é de aproximadamente 8%1. É mais comum em adultos entre 18 e 25 anos e em crianças entre 10 e 19 anos.

Cirurgia muito comum:
A remoção do apêndice ou apendicectomia é a cirurgia de emergência mais comum no mundo, com aproximadamente 300.000 cirurgias realizadas a cada ano apenas nos Estados Unidos, conforme relatado pela CBSNews em setembro de 2018.

Apendicite em crianças: 
Apendicite em crianças é a causa mais comum de cirurgia abdominal de emergência. Ela afeta 80.000 crianças nos Estados Unidos a cada ano.2.

Causas

Obstrução, origem bacteriana
A apendicite ocorre quando o apêndice vermicular do intestino fica bloqueado pelo acúmulo de substâncias alimentares e de bactérias. Essas substâncias alimentares podem então ser fonte de infecção devido a presença de germes, normalmente inofensivos. Os intestinos são colonizados por esses germes, que são úteis para o processo digestivo. De fato, esses germes fazem parte da flora intestinal (microbiota).

Outras causas
Outras causas de obstrução, além das substâncias alimentares e das bactérias, são: os vírus, uma inflamação, as fezes endurecidas, os parasitas, as úlceras, os tecidos hipertrofiados ou lacerações abdominais.

Causas mais frequentes
No entanto, existem outras causas de apendicite que são menos comuns:
– Obstrução do apêndice por caroços de frutas;
– Um abscesso no apêndice, ou perto;
– Um câncer de apêndice (mais frequente em pessoas com mais idade).

Grupos de risco

A apendicite pode ocorrer em qualquer idade, embora seja rara em crianças menores de 4 anos de idade e pessoas com mais de 30 anos. Em princípio, a apendicite afeta principalmente pessoas com idade entre 10 a 30 anos, sem motivos conhecidos.

Sintomas

Sintomas apendiciteOs sintomas de apendicite são difusos e pouco característicos da doença. A fim de não perder tempo e arriscar a vida do paciente, o melhor é enviar alguém para a emergência com os seguintes sintomas:
– Dor na barriga, a partir do umbigo, que se espalha para o lado direito da barriga, na parte inferior do abdômen.
– Febre moderada até 38 ° C.
– Doenças gastrointestinais como diarréia ou prisão de ventre.

– Vômitos.

– Perda de apetite.

No início da doença os sintomas são menos graves, a dor é menos intensa e mais difusa no abdômen. Nesta fase, vários distúrbios digestivos já podem estar presentes: vômitos, diarréia ou constipação, com perda de apetite. A dor se intensifica e, em seguida, são mais consistentes, movendo-se em direção ao abdômen inferior, do lado direito.

Na apendicite aguda, os sintomas podem ser mais graves e marcantes. A dor é, então, mais violenta, e pode aparecer de repente em uma pessoa que normalmente é saudável.

Quando os seguintes sintomas estão presentes, estamos na presença de um quadro agravado de apendicite:

– Dor severa e difusa por todo o abdômen.

– Febre alta, e presença de calafrios.

– Vômitos.

No caso de apendicite, deve-se imediatamente operar o paciente para evitar o risco de peritonite que pode ser fatal.

Diagnóstico

Diagnóstico apendiciteO diagnóstico da apendicite é principalmente clínico. O médico leva em consideração os sintomas descritos pelo paciente, especialmente se a pessoa nunca teve uma apendicectomia (remoção cirúrgica de apendicite).
Entre as mulheres, no entanto, o médico ainda deve excluir uma possível causa de gravidez ectópica através de exames ginecológicos.
O yersinose é uma doença infecciosa que pode causar os mesmos sintomas de apendicite. Nesse caso, a cultura do patógeno de fezes ou de sangue mostra a presença da bactéria Yersinia pseudotuberculosis e Yersinia enterocolitica.

Note também que a apendicite é rara em crianças menores de 4 anos. Nelas, pode haver dor abdominal das infecções do nariz ou da garganta.

Tendo identificado os sintomas de dor, o clínico pode efetuar um pequeno teste abdominal no lado direito do abdômen. Se o caso for de apendicite, a dor é muito mais intensa quando o médico retira a mão. A dor é menos intensa quando se pressiona a região, mas aumenta quando a pressão desaparece.

Assim, é importante que em uma suspeita de apendicite, o médico faça um diagnóstico diferencial, para eliminar outras fontes de dor abdominal e evitar a cirurgia desnecessária. Qualquer operação é um procedimento invasivo, e, portanto, nunca é trivial tanto pela intervenção em si quanto pela anestesia necessária.

Por diferentes métodos de diagnóstico, o médico pode estar ciente da extensão da doença. Assim, o médico irá executar o exame clínico, seguido por um teste de sangue à procura de uma possível infecção. Ele também pode usar os testes de ultra-som para eliminar infecções da bexiga que podem dar os mesmos sintomas de apendicite.

Os exames baseados em imagem (raios-X, ultrassom, tomografia computadorizada) no abdômen também são possíveis, em particular, para excluir outras causas de dor.

No entanto, é sempre melhor remover o apêndice, mesmo se não infectados, ao invés de correr o risco de ter apendicite.

Complicações

A principal complicação da apendicite é a peritonite, uma infecção da cavidade abdominal pode causar a morte.

A infecção pode se espalhar para todo o corpo, e, nesse caso, é chamada de sepse.

Tratamentos

Cirurgia
O principal tratamento para apendicite se o apêndice estourou consiste em uma cirurgia, chamada apendicectomia. O apêndice inflamado é totalmente removido, a fim de evitar uma infecção generalizada da cavidade abdominal, denominada peritonite. Para evitar complicações de uma apendicite, a equipe médica pode prescrever antibióticos antes do procedimento e após a cirurgia, caso as bactérias tenham se espalhado para o abdômen. A recuperação neste tipo de cirurgia pode demorar 1 mês ou mais.
– Existe uma cirurgia menos invasiva, chamada apendicectomia laparoscópica, reservada para casos em que o apêndice não estourou. Durante este procedimento, o apêndice é removido usando um pequeno tubo. A cicatriz é menor. A recuperação da apendicectomia laparoscópica geralmente leva de duas a quatro semanas.

Antibióticos
Em casos menos graves de apendicite, a equipe médica pode prescrever antibióticos. Mas a maioria dos casos de apendicite requer cirurgia (uma apendicectomia) para remover o apêndice.

Observação: o tratamento funciona melhor se a apendicite for detectada em um estágio inicial.

– Outro estudo em crianças também sugere que os antibióticos podem ser utilizados em algumas ocasiões ao em vez de uma cirurgia. Este estudo, financiado por uma bolsa do Patient Centered Outcomes Research Institute (PCORI), segue como extensão de um primeiro estudo piloto publicado em 2015 pelos dotores Minneci e Deans. O estudo primeiramente demonstra a eficácia e a segurança do tratamento não cirúrgico de apendicite em crianças por mostrar que as crianças que foram hospitalizadas por apendicite não complicada – que não tiveram dor abdominal por mais de 48 horas, que tinham uma contagem de glóbulos brancos abaixo de 18.000 e que foram submetidas a um ultrassom ou tomografia computadorizada para descartar uma ruptura e verificar que o apêndice tinha 1,1 centímetros de espessura ou menos sem sinais de abcesso ou infecção fecal – e que inicialmente foram tratadas com antibióticos, puderam ser dispensadas para casa sem recorrer à cirurgia tradicional. No caso de cirurgia, os pacientes recebem anestesia geral com 1 a 2% de chance de ter uma complicação maior e 5 a 10% de chance de ter uma complicação menor. O estudo foi publicado em 28 de julho de 2020 na revista científica JAMA.

Prevenção

Como é impossível ter um efeito sobre qualquer inflamação do apêndice, não é possível impedir a apendicite. Entretanto, é essencial agir rapidamente quando uma suspeita de apendicite.

Assim, se uma pessoa que nunca teve uma apendicite e tem sintomas característicos da doença, deve enviá-la muito rapidamente para o hospital. Os seguintes sintomas terão que ser considerados em caso de suspeita de apendicite: dor abdominal difusa e intermitente tornando-se cada vez mais intensa com migração da dor para o lado direito do abdômen, presença de distúrbios gastrointestinais, como vômitos, diarréia ou constipação e perda de apetite. Febre ligeira pode estar presente (raramente superior a 38°C).

Quando alguém se queixa de dor de estômago e há suspeita de apendicite, é importante não tomar analgésicos que podem mascarar os sinais clínicos. A redução da dor com analgésicos pode retardar o manejo do paciente e fazer com que a apendicite se agrave, uma vez que sem dor o paciente não procurará cuidado médico.

Para aliviar a dor do paciente, é preferível que se faça uma compressa fria no abdômen. Além disso, é importante não vai dar água ou alimentos para o paciente, pois isso pode atrasar a cirurgia.

Fontes:
Mayo Clinic, CBSNews, JAMA (10.1001/jama.2018.13201).

Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)

Fotos: 
Adobe Stock

Atualização:
21.05.2023

Bibliografia e referências científicas:

  1. Artigo da Cleveland Clinic, Appendix Pain Is Always an Emergency, datado de 22 de março de 2023, site acessado pelo Criasaude.com.br em 22 de março de 2023, link funcionando nesta data
  2. Comunicado à imprensa em inglês na EurekAlert de 28 de julho de 2020, do NATIONWIDE CHILDREN’S HOSPITAL
Observação da redação: este artigo foi modificado em 21.05.2023

Publicidade