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Câncer de esôfago

Resumo câncer de esôfago

O câncer de esôfago ou câncer esofágico é uma neoplasia que surge nas células do esôfago e os tipos mais comuns são o carcinoma epidermoide escamoso e o adenocarcinoma.  É um câncer com uma alta taxa de mortalidade, provavelmente porque o diagnóstico muitas vezes é tardio.

Alguns países como China, Japão, Reino Unido e países do Mar Cáspio apresentam altas incidências da doença. No Brasil o câncer de esôfago é o 6º mais comum em homens e o 9º mais frequente em mulheres.

Embora as causas ainda não sejam totalmente conhecidas, existem alguns fatores que podem desencadear a doença, como o fumo, o consumo de bebidas alcoólicas em excesso, o consumo de bebidas quentes, infecção por HPV, etc. Algumas pessoas apresentam risco aumentado de desenvolvimento do câncer de esôfago, como pacientes com esôfago de Barret e Doença do Refluxo Gastroesofágico, homens acima dos 60 anos, etc.

O câncer de esôfago não apresenta sintomas iniciais, mas à medida que a doença progride, sintomas como dificuldade e dor para engolir e tosse podem aparecer. O diagnóstico é normalmente feito com exames de imagem, como a endoscopia e o raio-x do tórax. Complicações comuns do câncer de esôfago são as dificuldades de comer e beber, que pode levar a severas reduções de peso. A metástase é particularmente perigosa, pois o câncer pode atingir órgãos sadios.

Dependendo do estagio do tumor, o medico poderá optar pela cirurgia (retirada parcial ou total do esôfago), radioterapia ou quimioterapia. Algumas plantas medicinais ajudam a suportar os efeitos da quimioterapia, embora nenhuma erva medicinal tenha sido ainda descoberta que comprovadamente cure a doença. A homeopatia também serve para amenizar efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Algumas dicas para lidar com a doença incluem se alimentar constantemente e com pequenas porções, preferir ingerir alimentos que são fáceis de serem engolidos e verificar com o medico a necessidade de suplementação de vitaminas. Para prevenir, é importante evitar o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, ter uma alimentação saudável e balanceada e controlar o peso.

Realizar uma endoscopia regularmente também pode ser uma boa  ferramenta de triagem e prevenção.

Definição

O câncer de esôfago ou câncer esofágico é uma neoplasia que se origina no esôfago, um órgão longo e em forma de tubo que liga a porção superior do trato digestivo (boca e garganta) ao estômago. O esôfago é responsável por levar alimentos e líquidos para o estômago para que a digestão possa ser feita

O tipo mais frequente de câncer de esôfago é o carcinoma epidermoide escamoso, que surge das células escamosas que revestem o esôfago. Outro tipo que vem crescendo é o adenocarcinoma, que atinge as células glandulares que estão ao longo do tubo esofágico. Outras formas raras do câncer incluem o coriocarcinoma, linfoma, sarcoma e câncer de células pequenas.

O câncer de esôfago muitas vezes é associado com câncer de garganta ou a um câncer ao nível broncopulmonar, isto ocorre particularmente em caso de fumantes ou alcoólatras.

Epidemiologia

O câncer de esôfago apresenta alta incidência em determinados países, como China, Japão, Reino Unido, Islândia, Índia, e a região do Mar Cáspio. Ainda não há uma resposta científica para esse fato, mas atribui-se a alta incidência ao consumo de chá e de bebidas quentes.

No Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) o câncer de esôfago é o 6º mais comum em homens e o 9º mais frequente em mulheres. Os dados de 2010 apontam que houve 7645 mortes, sendo 5923 em homens e 1722 em mulheres. Para 2012, as estimativas são de 10420 novos casos, sendo 7770 em homens e 2650 em mulheres.

Em termos de tipo de câncer, o carcinoma epidermoide escamoso é o mais comum, correspondendo a cerca de 96% de todos os casos de câncer.

Com relação à incidência, os afrodescendentes apresentam taxas maiores de incidência e de mortalidade que caucasianos. Em contrapartida, os caucasianos do sexo masculino apresentam maiores taxas de adenocarcinoma do esôfago após os 60 anos de idade.

Os homens são três vezes mais acometidos por esse tipo de câncer do que as mulheres.

– Nos Estados Unidos, a American Cancer Society (ACS) estimou 16.940 (13.360 homens e 3.580 mulheres) o número de novos casos de câncer de esôfago e 15.690 (12.720 homens e 2.970 mulheres) o número de mortes por este câncer durante o ano de 2017. Nos Estados Unidos, o risco ao longo da vida de desenvolver câncer de esôfago é de 1 em 125 para homens e 1 em 454 para mulheres. De acordo com a Mayo Clinic, que emitiu um comunicado de imprensa em agosto de 2017 de um estudo sobre este câncer, o câncer de esôfago é um dos cânceres mais mortais.
Nos Estados Unidos, esse câncer é responsável por cerca de 1% de todos os casos de câncer (dados de 2017).

Causas

Ainda não se sabe com exatidão as causas do câncer de esôfago. Entretanto, sabe-se que ele se inicia com lesões no DNA às células do esôfago. Essas lesões normalmente levam a mutações que desencadeiam o surgimento do tumor. Algumas possíveis causas dessas lesões são:

– Fumo.

– Consumo excessivo de álcool.

– Presença de ferimentos no esôfago, devido a produtos ácidos, alcalinos ou muito quentes.

– Presença de doenças que irritem cronicamente o esôfago, como Doença do Refluxo Gastroesofágico ou esôfago de Barret. Esses fatores desencadeiam, principalmente, o adenocarcinoma, que atinge a região inferior do esôfago.

Obesidade.

– Determinadas doenças, como infecção por HPV, doença celíaca e síndrome de Tylosis e Howel-Evans.

– Consumo de certos alimentos preservados e curados.

– Os cientistas constataram uma taxa de câncer de garganta, incluindo o esôfago superior, maior do que o resto do mundo em algumas áreas da América Latina onde a erva-mate é consumida. Este aumento da incidência de câncer de esôfago não é causado pela própria erva-mate, mas pelo fato de que muitos consumidores bebem a erva muito quente, quase fervendo. De acordo com uma instituição ligada à OMS, a International Agency for Research on Cancer (IARC), há evidência física de que bebidas quentes, neste caso a erva-mate, pode ajudar a lesionar as células do esôfago e consequentemente contribuir para o desenvolvimento deste câncer. Para limitar o risco de câncer de esôfago, não se deve beber a erva-mate a uma temperatura acima de 65°C. Este estudo realizado por diversas universidades em todo o mundo, incluindo a University of South California (USC), foi publicado em 15 de junho de 2016 na revista The Lancet.

Estudo de 2019
Estudos anteriores descobriram uma conexão entre o consumo de chá quente (ou mesmo fervente), como o mate (chimarrão) ou qualquer bebida muito quente, e o risco de câncer de esôfago. Mas até agora, nenhum estudo havia examinado essa associação usando a temperatura de consumo do chá medida prospectiva e objetivamente. Um novo estudo alcançou esse objetivo ao acompanhar 50.045 pessoas com idade entre 40 e 75 anos em uma média de 10 anos. Durante o acompanhamento, 317 novos casos de câncer de esôfago foram identificados. Comparado com o consumo de menos de 700 mL de chá por dia a menos de 60°C, o consumo de 700 mL por dia ou mais a uma temperatura mais alta (60°C ou mais) foi associado a um risco 90% maior de câncer de esôfago.
Este estudo foi publicado em 20 de março de 2019 na revista científica International Journal of Cancer (DOI: 10.1002 / ijc.32220). Portanto, é aconselhável esperar que as bebidas quentes esfriem um pouco antes de beber, como observado pelo autor principal deste estudo, Dr. Farhad Islami, da American Cancer Society, em um comunicado de imprensa do estudo.

Grupos de risco

Os principais grupos de risco do câncer de esôfago são:

– Fumantes.

– Homens brancos acima dos 60 anos de idade (fator de risco para o adenocarcinoma).

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– Pacientes com esôfago de Barret ou Doença do Refluxo Gastroesofágico.

– Pessoas com tilose (calosidades e estreitamento do esôfago por calos).

– Pacientes com histórico familiar de câncer (devido a fatores hereditários e genéticos).

– Pacientes com acalasia (estreitamento de porção do esôfago que dificulta a passagem de alimentos).

– Pacientes com hábitos de tomar bebidas muito quentes, como chás e sopas.

– Pacientes com refluxo bilial.

– Pessoas obesas.

– Pessoas que consumem álcool em excesso.

– Pacientes que já apresentaram câncer e passaram por sessões de radioterapia.

Sintomas

No início, o câncer de esôfago não apresenta sinais claros. À medida que a doença progride e a massa tumoral cresce, sinais começam aparecer, como:

– Dificuldade de engolir (disfagia).

– Dor ao engolir.

– Dor retroestenal (atrás do osso esterno do peito).

– Dor no tórax.

– Sensação se que algo está no esôfago.

– Sintomas de queimação esofágica ou azia.

– Indigestão.

– Fadiga e perda de peso sem causas aparentes.

Tosse e rouquidão.

Devido à dificuldade e dor de engolir, o paciente pode perder até 10% do seu peso corpóreo. Se você possui algum fator de risco pra doença ou se enquadra em algum grupo de risco, procure um médico ao notar esses sintomas.

Diagnóstico

Na fase inicial, o câncer de esôfago não apresenta sinais claros, por isso o diagnóstico é difícil de ser realizado nessa etapa. À medida que a doença progride, o médico poderá realizar alguns exames de imagem para verificar o interior do esôfago. Os exames mais comuns são:

– Endoscopia do esôfago.

– Raio-X esofágico.

– Tomografia computadorizada e Ressonância Magnética.

Se o câncer for mesmo diagnosticado, o médico fará uma biopsia, ou seja, retirará uma pequena parte da massa tumoral para saber qual o tipo de tumor e qual o estágio ele está. O tumor pode se encontrar em quatro estágios principais:

– Estágio I: o câncer ocorre apenas na camada superficial do esôfago.

– Estágio II: o câncer conseguiu penetrar camadas mais profundas do esôfago e pode ter atingido alguns linfonodos.

– Estágio III: o câncer invadiu mais ainda o esôfago e comprometeu linfonodos e tecidos adjacentes.

– Estágio IV: o câncer se espalhou para outros órgãos. Essa fase tem nome de metástase.

Complicações

Uma das principais complicações do câncer de esôfago é a disfagia, ou seja, a dificuldade que o paciente tem de se alimentar com alimentos sólidos ou líquidos. Com o crescimento da massa tumoral, o esôfago vai ficando cada vez mais estreito e a deglutição de alimento torna-se difícil e dolorosa. Com isso, o paciente pode perder muito peso e ter carência de vitaminas, minerais e nutrientes essenciais. Pacientes em estágio avançado podem precisar receber nutrição parenteral, ou seja, por via venosa ou alguma outra via que não seja oral.

Outra grave complicação do câncer de esôfago é a metástase, ou seja, a capacidade do tumor atingir outros órgãos e causar câncer neles. Esse risco aumenta quando o diagnóstico não é feito precocemente. A metástase põe em risco a vida do paciente e normalmente é difícil de ser tratada.

Tratamentos câncer de esôfago

O tratamento do câncer de esôfago dependerá do tipo de tumor (carcinoma, adenocarcinoma, ou outro tumor), do estágio da doença e do comprometimento do esôfago. O médico avaliará o quadro do paciente e poderá optar pela cirurgia, radioterapia ou quimioterapia como tratamento.

Cirurgia

A cirurgia tenta tirar a maior parte de massa tumoral sem comprometer o órgão como um todo. Em alguns casos, isso é possível sem que o esôfago seja comprometido (principalmente em casos de tumor em estágios iniciais). Entretanto, como avanço da doença, o médico poderá optar por retirar parte do tubo esofágico e fazer uma ligação entre o restante do esôfago com o estômago.

A cirurgia é geralmente o método mais eficaz.

Radioterapia

A radioterapia normalmente é combinada com cirurgia ou quimioterapia para matar as células restantes. Essa abordagem consiste na aplicação de raios de alta energia para matar as células restantes.

Quimioterapia

A quimioterapia normalmente é combinada à cirurgia para eliminar os resquícios de células tumorais. Consiste-se na administração de drogas (chamados quimioterápicos) ao paciente. Alguns exemplos de quimioterápicos são: alcaloides da vinca, taxanos, cisplatina, doxorrubicina, mostardas nitrogenadas, etc. Normalmente esses medicamentos são combinados entre si para aumentar as chances de sucesso do tratamento e evitar que o tumor apresente resistência.

Observações de tratamento: 
De acordo com um estudo da Mayo Clinic realizado em 2017, as pacientes mulheres com câncer de esôfago localizado avançado que são tratadas com quimioterapia e radioterapia antes da cirurgia são mais propensas a ter uma resposta favorável ao tratamento do que pacientes homens. Além disso, as mulheres são menos propensas a sofrer recorrência do câncer. Estes resultados provêm de um estudo publicado em 22 de agosto de 2017 na revista científica The Annals of Thoracic Surgery.

Dicas

Abaixo estão algumas dicas de como lidar como câncer de esôfago:

– Converse com o seu médico sobre o seu tratamento. Se os efeitos colaterais estiverem difíceis de suportar, fale com a equipe médica para que medicamentos sejam administrados para amenizar os efeitos.

– Se você tem câncer de esôfago, para evitar a perda excessiva de peso, procure se alimentar com comidas fáceis de serem engolidas, como sopas ou cremes. Coma pequenas porções frequentemente e sempre tente se ingerir alimentos saudáveis e ricos em minerais, vitaminas e nutrientes essenciais (proteínas, carboidratos e lipídeos).

– Converse com o seu médico sobre a necessidade de ter suplementos alimentares. Muitas vezes é necessário ingerir algum suplemento vitamínico em casos de câncer.

– Tenha sempre alimentos fáceis de serem engolidos perto de você, como sucos, vitaminas ou algo líquido. Converse com um nutricionista para saber como sua dieta poderá ser adaptada.

– Um estudo publicado em 2017 e realizado pela Universidade do Texas, em Arlington, nos Estados Unidos, mostrou que o zinco pode ajudar a destruir algumas células cancerígenas no câncer de esôfago. No nível celular, os cientistas descobriram, usando uma técnica de imagem médica chamada fluorescence live cell imaging (imagens de células vivas por fluorescência), que o zinco bloqueia os canais de cálcio muito ativos exclusivamente nas células cancerígenas do esôfago. Como resultado, o zinco previne a proliferação de células cancerígenas. Embora mais pesquisas sejam necessárias, os cientistas recomendam seguir uma dieta rica em zinco. Este estudo foi publicado em 19 de setembro de 2017 na revista científica The FASEB Journal (DOI: 10.1096/fj.201700227RRR).

Prevenção

Algumas medidas preventivas podem ser adotadas para prevenir o câncer de esôfago:

Evite fumar. O tabaco é conhecidamente um dos fatores de risco para a doença. Isso inclui o fumo passivo.

– Se beber, beba moderadamente. O consumo excessivo de álcool propicia o aparecimento de tumores no esôfago.

– Tenha uma dieta rica em frutas e vegetais. Além de serem menos calóricos, eles contem antioxidantes que evitam lesões nas células.

– Controle o seu peso. A obesidade é um dos fatores de risco para o câncer de esôfago.

– Evite tomar bebidas muito quentes em excesso.

– Se você possui Doença do Refluxo Esofágico, esôfago de Barret ou azia, procure tratamento.

– De acordo com um estudo britânico publicado em 2014, a ingestão diária de 75 a 100 mg de aspirina (ácido acetilsalicílico) reduz o risco de câncer de esôfago em 30% após 10 anos do início do tratamento, o risco de morte desse tipo de câncer diminui em 35 à 50%.

No entanto, o efeito protetor da aspirina só se manifesta durante um período de tratamento de pelo menos 5 anos, se possível 10 anos.

A ingestão diária de aspirina deve começar entre 50 e 65 anos,  com acompanhamento médico.

Fontes:
Mayo Clinic, The Annals of Thoracic Surgery, The FASEB Journal (DOI: 10.1096/fj.201700227RRR), International Journal of Cancer (DOI: 10.1002 / ijc.32220)

Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)

Fotos: 
Fotolia.com

Atualização:
21.05.2019

Observação da redação: este artigo foi modificado em 20.05.2019

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