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Endometriose

Definição

Criasaude - Quais são os tipos de tratamento para endometriose? Existe alguma novidade de tratamento no mercado brasileiro?A endometriose é uma afecção ginecológica que atinge as mulheres em período reprodutivo, essencialmente com idade entre 25 e 40 anos.
Embora as causas da endometriose sejam insuficientemente conhecidas, os especialistas estimam que o ciclo menstrual desempenhe papel significativo. A doença é muitas vezes dolorosa.
A endometriose caracteriza-se pela presença de tecido uterino fora da cavidade uterina.
Vale lembrar que o útero é recoberto por um tecido chamado endométrio que permite à mulher, em cada ciclo menstrual, receber um óvulo fertilizado (uma espécie de ninho). Se o óvulo não for fecundado, o endométrio vai ser eliminado e sob a ação dos hormônios provocará os sangramentos menstruais (regras).

Entrevista sobre endometriose com a Dra. Rosa Maria Neme

A endometriose pode ser curada por via medicamentosa ou cirúrgica, dependendo do objetivo pretendido pela paciente. Com efeito, não se considera a hipótese de ablação do útero (histerectomia) em pacientes estéreis por causa da endometriose. Neste caso, a opção medicamentosa será de predileção.

A endometriose não é um câncer e não aumenta os riscos de desenvolvimento de câncer do útero ou em outras regiões ou órgãos do corpo.

Epidemiologia

As informações epidemiológicas concernentes à endometriose não são de fácil obtenção, pois esta afecção nem sempre apresenta sintomas específicos, ocorrendo com frequência de modo assintomática (sem sintomas).

Todavia, estima-se que esta doença afete de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Na população feminina em geral, de 5 a 10% das mulheres sofrem com a endometriose. A endometriose também afeta cerca de 3 a 5% das mulheres após a menopausa.

Nos Estados Unidos, de acordo com um comunicado de imprensa publicado em setembro de 2017 pela Thomas Jefferson University, que realizou um estudo sobre endometriose e gravidez (leia abaixo sobre Complicações), cerca de 11% das mulheres americanas sofrem de endometriose .

Alguns estudos mostram que cerca de 50% das mulheres afetadas pela endometriose têm dificuldade para engravidar ou apresentam um quadro de esterilidade.

Uma pesquisa realizada pelo New Brigham and Women’s Hospitalnos Estados Unidos, mostrou que, embora muitas das mulheres que sofrem com a endometriose apresentem risco maior de serem afetadas pela esterilidade, comparativamente àquelas que não apresentam o quadro de endometriose, a maioria das mulheres atingidas por esta doença não apresentam quadro de esterilidade.
Este estudo, envolvendo a análise dos dados de mais de 58.000 mulheres, foi publicado em maio de 2016 na versão on-line da revista científica Human Reproduction.
Ainda segundo esta pesquisa, a porcentagem de mulheres em geral, veiculada por estudos anteriores, que sofrem com a endometriose e que são estéreis seria bem elevada, da ordem de fator 2.

A endometriose afetaria mais as mulheres caucasianas que as mulheres negras ou asiáticas.

Causas

As causas da endometriose continuam insuficientemente esclarecidas.

É possível que fragmentos de útero sejam indevidamente eliminados nas menstruações. Estes fragmentos voltariam então às trompas e se fixariam em diferentes órgãos, formando cistos:

– no músculo uterino (caso de adenomioma);

– no ovário;

– no peritônio e no intestino (mais raramente);

– no trato urinário;

– nos pulmões;

– na vesícula.

Estes fragmentos, assim como o endométrio, reagem diante das variações hormonais do corpo feminino. Eles se desenvolvem sob a ação dos estrogênios e da progesterona, sangrando em seguida quando as taxas hormonais decaem durante as menstruações. Isso explica os sangramentos mais consideráveis presentes nas mulheres afetadas pela endometriose.

Entretanto, estes fragmentos também podem não ser expelidos (dado que estão fora do útero), sendo capazes então de se irritar e provocar dores. Ver a parte dos sintomas da endometriose

Contudo, é certo que esses fragmentos de tecido uterino reagem aos estrogênios (hormônios característicos da mulher). E esta concentração hormonal é particularmente importante entre 25 e 40 anos. Esta é a razão pela qual as mulheres desta faixa etária estão sujeitas à endometriose. Como essas taxas baixam na menopausa, a doença tenderia a regredir. Por esta razão, existem diferentes estratégias de tratamento da endometriose.

Um estudo publicado em março de 2010 na revista americana Human Reproduction provou uma relação evidente entre a alimentação e a endometriose. De fato, a maioria das mulheres que consumiam ômega-3 tinha 22% menos risco de desenvolver endometriose e aquelas que consumiam gorduras ruins (gorduras trans) apresentavam, ao contrário, 48% mais risco de desenvolvimento de endometriose. Esta pesquisa estendeu-se por 12 anos e foi realizada com base na observação de 70.000 mulheres.

Fatores genéticos igualmente influenciem no surgimento da endometriose. Sabe-se que a probabilidade de se sofrer com esta afecção passa de 1% para 7% em presença de endometriose junto a familiares mais próximos. Pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido), do Instituto de Pesquisas de Queensland, na Austrália, e de Harvard (EUA) identificaram 2 cromossomos relacionados com o desenvolvimento da endometriose (cromossomos 1 e 7).
Pesquisadores franceses identificaram uma variante do gene em 2013, denominada DNMT3L. Quando esta variante está presente, aumenta em 6 a 7 vezes o risco de acometimento por endometriose.

A gonorreia é uma possível causa de endometriose.

Grupo de risco

As taxas de estrogênios são bem elevadas nas mulheres com idade entre 25 e 40 anos, durante o seu período de fecundidade. Portanto, a endometriose afeta essencialmente esta categoria de pessoas.

Sintomas

A endometriose pode ser assintomática ou apresentar alguns sintomas. Essas concentrações podem ser muito diferentes de mulher para mulher, o que torna difícil o diagnóstico. Os principais sintomas encontrados em caso de endometriose são as dores e a esterilidade:

– Dores nas menstruações (regras), com intensidade variável.

– Dores no período de ovulação.

– Dores durante ou após as relações sexuais (no fundo da vagina).

– Dores ao urinar ou ao defecar.

– Dores na introdução de um absorvente interno (OB®).

– Esterilidade.

– Distúrbios intestinais durante a menstruação (diarreia ou constipação).

– Sangramentos importantes durante a menstruação ou entre as menstruações.

– Outros sintomas que muitas vezes aparecem durante a menstruação: fadiga, diarreia, náuseas.

As diferentes dores são explicadas pelo depósito de tecido uterino nas diferentes partes do corpo. A intensidade da dor não está forçosamente correlacionada à intensidade da afecção, variando de pessoa para pessoa. Assim sendo, uma mulher com endometriose avançada, talvez não sinta nada, de onde deriva a dificuldade eventual em se estabelecer um diagnóstico.

Em contrapartida, as dores, quando presentes, podem aumentar até se tornarem por vezes insuportáveis.

Os sintomas da endometriose podem surgir:

– antes ou durante o período menstrual

– entre as menstruações

– durante ou após relações sexuais

– ao urinar

Muitas mulheres com endometriose apresentam dificuldades para engravidar e a causa deste problema poderia derivar das cicatrizes deixadas por esta afecção, as quais causariam danos aos ovários e às trompas uterinas. Dito isto, até mesmo as mulheres sem este problema de tecido cicatricial podem igualmente ter dificuldades para engravidar. É preciso saber que uma endometriose não traz danos a uma mulher grávida e tampouco ao seu futuro bebê. Os sintomas da endometriose são frequentemente reduzidos após uma gestação.

A mulher com endometriose pode apresentar um ou vários sintomas, leves ou severos.

A esterilidade é com frequência uma causa que possibilita o diagnóstico da endometriose. Com efeito, algumas mulheres não sentem nada, salvo o fato de não conseguirem engravidar. É somente após várias tentativas infrutíferas que elas descobrem a sua doença, depois de um teste para detecção de infertilidade.

Diagnóstico

Quanto mais cedo a doença for detectada, maiores serão as chances de tratamento. Infelizmente, a doença muitas vezes é diagnosticada tardiamente, em média 7 anos após o início efetivo da endometriose. Esta doença pode, por exemplo, ser descoberta por meio de uma investigação de eventual esterilidade.

O diagnóstico da endometriose ocorre em várias etapas:
– Anamnese (o médico faz perguntas à paciente). A descrição dos sintomas pode levar o médico a suspeitar de Endometriose (dores, infertilidade)
– Exame ginecológico (o ginecologista vai apalpar a região uterina e vaginal)
– Ecografia: verificar por meio de imagens a ausência de tecido uterino deslocado
– Laparoscopia: possibilita confirmar o diagnóstico e extrair os tecidos uterinos deslocados

Há alguns anos, análises genéticas passaram a estar disponíveis para realização antes da puberdade ou em outros momentos, caso o médico julgue necessário. Estes testes identificam variantes genéticas que aumentam o risco de se sofrer com esta doença (ler igualmente: causas). Consulte o seu médico.

Na laparoscopia, na região do umbigo, o médico introduz um endoscópio que lhe possibilita examinar a cavidade abdominal. No baixo-ventre, ele igualmente introduzirá instrumentos capazes de lhe permitir o exame dos órgãos internos, a coleta de amostras de tecidos, assim como a destruição por raio laser ou de corrente elétrica dos diferentes focos de endometriose descobertos.

Complicações

Em razão da fixação de tecido uterino fora do útero, na região dos ovários, das trompas ou no peritônio, a endometriose perturba a fertilidade da mulher atingida.

– por vezes existentes em caso de endometriose, as dores podem tornar impossível o ato sexual

– o tecido uterino deslocado pode formar cistos e impedir a ocorrência da fecundação;

– o tecido uterino deslocado pode impedir a acomodação do óvulo fecundado.

Deste modo, após frequentes tentativas infrutuosas de engravidar, será igualmente preciso considerar a possibilidade de endometriose. Assim, quanto antes a doença for tratada, maiores serão as chances de sucesso no combate da infertilidade.

As mulheres com endometriose podem desenvolver um endometrioma (espécie de cisto no ovário).

Por outro lado, as mulheres afetadas pela endometriose apresentam com frequência ansiedade ou depressão, relacionadas com a agudez dos sintomas.

Gravidez – nascimento e endometriose
Um estudo publicado em setembro de 2017, para ser preciso uma meta-análise ou estudo de estudos envolvendo mais de um milhão de mulheres, mostrou que mulheres grávidas com endometriose apresentaram maior risco de sofrer numerosas complicações durante o período da gravidez e durante o parto, incluindo parto prematuro e cesariana. Por exemplo, uma mulher com endometriose tem um risco maior de aborto espontâneo, parto prematuro e parto por cesariana. Este estudo, conduzido pela Thomas Jefferson University na Filadélfia, Pensilvânia (Estados Unidos), foi publicado on-line em 2 de setembro de 2017 no periódico científico Fertility and Sterility (DOI: 10.1016 / jfertnstert.2017.07.019).

Tratamentos

O tratamento desta doença dependerá do objetivo terapêutico pretendido: tratar as dores, a infertilidade ou evitar uma recidiva. Com efeito, no caso de uma mulher que não queira mais engravidar, será possível admitir uma histerectomia, o que não poderá ser plausível em mulheres que queiram ter filhos. Em contrapartida, em mulheres chegando à menopausa, não se praticará forçosamente a histerectomia, tendo em vista que as taxas de estrogênios diminuirão com a menopausa. Portanto, o controle das dores ocorrerá com analgésicos e anti-inflamatórios.

Primeiro tratamento possível:
Para os casos leves de endometriose, especialmente com dor pélvica (abdômen inferior), o tratamento com anticoncepcionais orais pode ser iniciado pela paciente. Se a situação não melhorar após 3 meses ou se a endometriose parecer ter piorado, outros tratamentos podem ser prescritos pelo médico (por exemplo, agonistas de LHRH, leia mais abaixo).

O tratamento da endometriose deve ser adequado e individualizada para cada mulher.

1. Tratar, amenizar a dor:

A ingestão de analgésicos, anti-inflamatórios (Anti-inflamatórios não-esteroides – AINE) ou pílulas contraceptivas permite amenizar a dor. Como os focos de endometriose se comportam como o útero, eles vão reagir aos hormônios contidos nos anticoncepcionais. Isso terá como consequência uma diminuição das dores e dos sangramentos, sem, contudo, curar definitivamente a endometriose. Com efeito, após a interrupção do uso das pílulas, dos analgésicos ou dos anti-inflamatórios, as dores recomeçam.

2. Tratamento hormonal focado:

Para fazer com que diminuam as taxas de hormônios femininos (estrogênios e progesterona) e assim desidratar os focos de endometriose, é possível ministrar agonistas da LHRH (=GnRH ou gonadoliberina). Este tratamento é compatível com uma operação. Com este tratamento hormonal, evitam-se as dores e a ocorrência de novos focos de endometriose. Estes tratamentos podem provocar como efeitos colaterais uma menopausa artificial reversível com a interrupção do tratamento, com ondas de calor, falta de lubrificação vaginal, etc. Eles podem igualmente levar à osteoporose (por descalcificação). Esta é a razão pela qual, em geral, estes tratamentos não são aplicados por mais de 6 meses.

Os médicos podem igualmente prescrever estroprogestativos, progestativos puros ou ainda anti-aromatases.

O danazol pode igualmente ser utilizado em casos de dores moderadas. Uma menopausa secundária reversível pode igualmente ocorrer com este tratamento.

A maioria destes tratamentos é administrada por via injetável ou nasal.

3. Tratar a infertilidade:

Existem vários tratamentos possíveis em caso de infertilidade, eles dependerão da idade da paciente, do grau da endometriose e se há outras causas, além desta doença, passíveis de levarem à esterilidade. Fale a respeito com o seu médico.

O uso de analgésicos, de anti-inflamatórios ou de pílulas anticoncepcionais não será suficiente neste caso. Deverá haver recurso à cirurgia (laparoscopia) para a retirada dos tecidos deslocados e dos cistos. Este tipo de cirurgia permite preservar o útero e, tanto quanto possível, os tecidos ovarianos. Eventualmente, será necessário repetir esta operação após o aparecimento de novos focos de endometriose.

Para maior detalhamento com respeito à laparoscopia, ver a parte do diagnóstico da endometriose.

4. Histerectomia:

Esta operação que consiste na ablação do útero e dos ovários somente é adotada quando a mulher não deseja mais ter filhos e se a endometriose, ainda que tratada, seja reincidente. Após a retirada dos ovários, não há mais produção de estrogênios e, portanto, cessa a endometriose. Entretanto, os sintomas da menopausa podem começar.

5. Acupuntura:

Esta medicina complementar pode ser um tratamento complementar aos medicamentos clássicos (por ex.: hormônios), em particular junto às adolescentes.

6. Cirurgia (sem histerectomia):

Existe também uma cirurgia chamada cirurgia conservadora (em inglês Conservative surgery), que é particularmente adequada para mulheres que querem engravidar. Esta cirurgia tem o objetivo de remover o máximo de tecido deslocado enquanto preserva o útero e os ovários.

Observação sobre terapia hormonal:
Um estudo com 52 mulheres realizado por pesquisadores da Universidade de Yale (EUA) mostrou que um tratamento único não era adequado para todas as mulheres que recorriam a terapia hormonal. Este método é o tratamento padrão de primeira escolha para todas as mulheres com endometriose é um tratamento hormonal, especificamente à base de progestina.
Os pesquisadores descobriram que há uma associação significativa entre o status do receptor de progesterona (PR) e a capacidade de resposta à terapia à base de progestina. Aquelas com lesões endometrióticas PR-positivas responderam muito melhor ao tratamento com progestina, enquanto aqueles com lesões PR-negativos tiveram apenas um alívio leve. A eficácia da terapia hormonal depende, portanto, da presença do receptor de progesterona (PR) nas lesões endometrióticas de uma mulher.
A equipe de pesquisa concluiu que conhecer o status de PR de uma mulher poderia ajudá-la a desenvolver uma “nova abordagem focada e baseada em precisão” para tratar e gerenciar a endometriose individualmente. Este estudo foi publicado em 25 de outubro de 2018 no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (DOI: 10.1210 / jc.2018-01227 / 5139742).

Remédios naturais

A fitoterapia pode complementar a terapia clássica no tratamento da endometriose, aqui temos uma planta que pode ajudar:

– o  agnocasto, a ser ingerido em forma de cápsulas ou comprimidos.

– a soja, ingerida em forma de cápsulas ou como alimento (a soja pode ter efeito favorável em caso de endometriose).

Dicas

O melhor dos conselhos é consultar um ginecologista na ocorrência do menor sintoma suspeito para endometriose, um diagnóstico precoce facilita amplamente o tratamento e reduz o risco de complicações.

Como o tratamento depende do objetivo terapêutico pretendido, tratar-se-á de discutir a fundo com o médico acerca das diferentes possibilidades.

– Uma boa dica é aplicar uma bolsa de água quente na região dolorida para apaziguar as fortes dores da endometriose.

– A endometriose é uma doença que pode afetar consideravelmente a qualidade de vida da paciente, pois esta última poderá sofrer com dores, dificuldades para ter relações sexuais, para engravidar, etc. Tudo isso pode alterar o padrão emocional e, em alguns casos, levar à depressão. Neste caso específico, consultar um psicólogo é algo altamente recomendável.

– A prática de atividades esportivas ou de exercícios físicos possibilita reduzir os sintomas da endometriose. A produção de endorfinas durante o exercício físico provoca uma sensação de prazer e pode diminuir a dor associada a esta afecção.

– Uma alimentação equilibrada pode igualmente ter efeito positivo em caso de endometriose.

Prevenção

– O consumo de ômega-3 tem efeito preventivo em relação à endometriose (e contra as dores menstruais). Foi igualmente comprovado, em março de 2010, que o consumo de gorduras trans aumenta em 48% o risco de desenvolvimento de endometriose. Em contrapartida, consumir ômega-3 reduz o risco em 22%.

Fontes: 
Brigham and Women’s Hospital (Estados Unidos), Fertility and Sterility (DOI: 10.1016 / jfertnstert.2017.07.019), Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (DOI: 10.1210 / jc.2018-01227 / 5139742).

Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)

Fotos: 
Fotolia.com, Criasaude.com.br

Atualização:
21.08.2021

Observação da redação: este artigo foi modificado em 21.08.2021

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