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Hipotireoidismo

Resumo hipotireoidismo

Resumo hipotireoidismoO hipotireoidismo é uma doença endócrina que afeta a glândula tireoide e se caracterizada pela produção insuficiente de hormônios tireoidianos (T3 e T4). Estes desempenham um papel chave na no metabolismo regulando muitas funções vitais tais como o ritmo cardíaco ou respiratório, na fertilidade ou no crescimento.
O hipotireoidismo afeta principalmente as mulheres, especialmente durante a menopausa, neste momento da vida há uma diminuição da produção de hormônios tireoidianos.
Entre as diferentes causas de hipotireoidismo, uma das mais comuns é a tireoidite (particularmente a tireoidite crônica de Hashimoto), isto é, uma a inflamação da tiroide. Dentre as outras causas podem estar à ingestão inadequada de iodo, o uso de certos medicamentos, terapia de iodo radioativo ou cirurgia na região do pescoço.

Sintomas
Os sintomas do hipotireoidismo geralmente aparecem gradualmente, ou seja, ao longo de vários anos. Para resumir e simplificar, as pessoas afetadas têm uma desaceleração das funções vitais com sintomas como sonolência, fadiga, ganho de peso, calafrios ou diminuição da frequência cardíaca.

É importante saber que o hipotireoidismo não apresenta sintomas característicos, o que torna o diagnóstico difícil, no entanto, um simples exame de sangue irá avaliar os níveis de hormônios tireoidianos.

O tratamento padrão é baseado na ingestão diária de hormônios tireoidianos, como o hormônio tiroxina ou T4 (levotiroxina). No entanto, um estudo publicado em abril de 2017 questionou o uso de levotiroxina em certas formas de hipotireoidismo em idosos (mais informações sobre o estudo no tópico Tratamentos abaixo).

Em casos de hipotireoidismo, é importante o consumo de uma quantidade suficiente de iodo, geralmente presente no sal (sal iodado), mas também em alimentos ricos em iodo tais como peixes, crustáceos e algas ricos em iodo natural.

Deve-se consumir com moderação certos alimentos que podem interferir com o metabolismo e aumentar as necessidades de iodo, tais como o repolho (que contém uma substância que reduz a produção de hormônios da tireoide), rúcula suíça, brócolis ou couve-flor.

Definição

O hipotireoidismo ou tireoide hipoativa (em inglês Hypothyroidism ou underactive thyroid), também chamado de insuficiência tireoidiana ou mixedema, é uma doença metabólica caracterizada por uma produção insuficiente de hormônios tireoidianos (T3 e T4).

Estes hormônios produzidos pela glândula tireóide têm um papel metabólico essencial no organismo, portanto, uma redução da produção destes pode desencadear diversos sintomas por todo o corpo.

Para entender melhor essa doença, você deve saber que a glândula tireoide é um pequeno órgão que tem o formato de uma borboleta e está localizada na parte da frente do pescoço, logo abaixo da laringe. Sua principal função é controlar o metabolismo, ou seja, o processo de transformação dos alimentos em energia permitindo o bom funcionamento do organismo. Para realizar essa função, a tireoide produz os hormônios T4 e T3. São esses hormônios que circulam no corpo e dizem às células quanta energia usar. Eles também controlam a temperatura corporal e a frequência cardíaca. Se a quantidade de hormônios for muito alta ou muito baixa, no caso do hipotireoidismo, o bom funcionamento do organismo ficará prejudicado. Note que é a glândula pituitária (hipófise) que controla a quantidade de hormônios tireoidianos no sangue.

Causas

As causas do hipotireoidismo podem ser muitas, as que afetam diretamente a tireoide são referidas como causas primárias, como:

– A tireoidite, a mais comum é a tireoidite crônica de Hashimoto, é uma doença autoimune que destrói a tireoide, essa doença tem uma certa predisposição genética. Observe que outras tireoidites podem ser responsáveis ​​pelo hipotireoidismo.

– Tratamentos com iodo radioativo ou uma intervenção cirúrgica na região da tireóide podem favorecer o hipotireoidismo. O  iodo radioativo ou a intervenção cirúrgica podem ser recomendados em caso de hipertireoidismo.

– Em raros casos, o uso de determinados medicamentos como o lítio (medicamento contra a psicose maníaco-depressiva) ou a amiodarona (medicamento para o coração).

– Uma quantidade insuficiente de iodo. De fato, o iodo é essencial para a constitução dos hormônios tireoidianos.  Carências em iodo existem ainda nos países em desenvolvimento, já nos países industrializados isso não ocorre com tanta frequência, pois o sal é artificialmente enriquecido com iodo, e portanto cada pessoa tem uma dose cotidiana suficiente.  Nas crianças, essa carência  pode provocar o cretinismo (pequena estatura, aumento do pescoço, retardo mental), e nos adultos, a carência em iodo (levando ao bócio e ao hipotireoidismo), se chama bócio endêmico ou coma mixedematoso.

– Nas mulheres, a menopausa pode provocar um hipotireodismo, pois a diminuição dos hormônios femininos favorece o envelhecimento da glândula tireóide. Esse é um dos motivos pelos quais as mulheres sofrem mais com o hipotireoidismo do que os homens.

– As doenças hereditárias, doenças que são transmitidas na família.

– Em raros casos, uma produção insuficiente de TSH pela hipófise.

– A hipercarotenemia, uma pigmentação amarelo-laranja da pele

– Alterações no ciclo menstrual

– Bócio

– Em casos raros, produção insuficiente de TSH pela glândula pituitária (hipófise). Esta é uma causa secundária

Algumas formas graves de hipotireoidismo podem tornar-se mixedema, edema facial causada principalmente por uma acumulação de liquido nos tecidos da pele, que em alguns casos pode afetar a boca e até mesmo as cordas vocais, provocando mudanças no tom de voz.

Hipotireoidismo e gravidez 

As mulheres com hipotireoidismo durante a gravidez geralmente têm a doença de Hashimoto. Essa doença autoimune impede que a tireoide produza hormônios tireoidianos suficientes, o que promove fadiga, dificuldade em suportar temperaturas frias ou até mesmo cãibras musculares.

Durante a gravidez, os hormônios tireoidianos são essenciais para o desenvolvimento do feto, pois ajudam a desenvolver o cérebro e o sistema nervoso. Portanto, é importante monitorar os níveis da tireoide em mulheres grávidas para garantir que o feto receba hormônios tireoidianos suficientes ao longo de seu desenvolvimento. Na ausência ou insuficiência de tratamento, o hipotireoidismo pode causar complicações como parto prematuro ou aborto espontâneo.

Hipotireoidismo em bebês

Os bebês podem nascer sem glândula tireoide ou com uma que não esteja funcionando adequadamente. Nesse caso, alguns sinais podem alertar a família, como:
– icterícia, ou seja, amarelamento da pele e do branco dos olhos
– língua que é grande e saliente
– dificuldade para respirar
– choro rouco
– hernia umbilical

Se a doença não for tratada a tempo, a criança pode ter dificuldade em crescer, se desenvolver normalmente, se alimentar e pode apresentar sintomas como:
– constipação
– tônus ​​muscular fraco
– sonolência excessiva

Sintomas

São inúmeros os sintomas do hipotireoidismo, pois os hormônios tireoidianos afetam muitos órgãos do corpo humano.

Os sintomas geralmente vêm de forma gradual (ao longo de meses ou anos), mas uma súbita aparição é possível, aqui estão os sintomas mais comuns:

fadiga, sonolência, lentidão na realização dos movimentos

– perda ou falta de energia, podendo desencadear até uma depressão

– o ganho de peso (apesar do ganho de peso ser no máximo de 2-3kg, é sobretudo um ganho de  peso devido à retenção de água).

– cabelos secos e possível queda de cabelo, pele seca

prisão de ventre

– distúrbios de memória

– infertilidade

– intolerância ao frio

cãimbras

– pálpebras inchadas

– rouquidão (devido a uma ação nas cordas vocais)

– hipercolesterolemia, o retardo do metabolismo pode causar elevação nos níveis de colesterol ruim (LDL)

– fraqueza muscular e dor muscular, inchaço e rigidez nas articulações

– falta de ar

– diminuição da frequência cardíaca

Algumas formas graves de hipotireoidismo podem evoluir para um mixedema, um inchaço da face causado principalmente pelo acúmulo de líquido nos tecidos da pele, que em alguns casos pode afetar a boca e até mesmo as cordas vocais e causar alterações no tom de voz. O mixedema pode causar sintomas mais graves como:
– queda na temperatura corporal
– anemia
– insuficiência cardíaca
– confusão
– coma

Resumindo, podemos observar que os sintomas do hipotireoidismo podem ser comparados a um motor que funciona “abaixo das rotações”.

Grupos de risco

Pessoas em risco são aqueles que têm histórico familiar de hipotireoidismo, especialmente as mulheres.

Outros grupos de risco são os idosos que sofrem de doenças como a diabetes tipo 1, hipercolesterolemia e mulheres, especialmente no primeiro mês após o parto e na menopausa.

Diagnóstico

Você deve saber que muitos dos sintomas do hipotireoidismo são geralmente não específicos para esta doença (ganho de peso, sonolência, fadiga, ciclo menstrual anormal, etc.).  Em consequência, o risco é que a doença pode ser mal diagnosticada e não tratada adequadamente, o que aumenta a probabilidade de ser afetado por outras doenças tais como doenças cardiovasculares e pode reduzir a expectativa de vida. Veja também: complicações hipotireoidismo

Um bom diagnóstico desta doença é essencial.

O diagnóstico de hipotireoidismo, além de anamnese , baseia-se em um simples teste de sangue para analisar a função da tiroide. Para fazer isso, o médico irá pedir a dosagem de alguns hormônios relacionados à atividade da glândula tireoide, por exemplo, pesquisando o TSH e o T4 (dois hormônios tireoidianos).

O hipotireoidismo é normalmente caracterizado por altos níveis de TSH e baixos níveis de T4. Mais raramente, o hipotireoidismo pode ser caracterizado por um baixo nível de TSH e T4, neste caso falamos em hipotireoidismo central (em inglês: central hypothyroidism).
O hipotireoidismo subclínico (em inglês: subclinical hypothyroidism)  é normalmente caracterizado por TSH alto e níveis normais de T4 (intervalo padrão)1.

Um especialista (endocrinologista) pode aprofundar o diagnostico, utilizando testes mais específicos.

Para um diagnóstico preciso e informações mais completas, sempre pergunte ao seu médico, de preferência um endocrinologista.

Complicações

O hipotireoidismo em longo prazo, na ausência de tratamento, pode conduzir a:

– problemas cardíacos, tais como a aterosclerose (colesterol), insuficiência cardíaca ou infarto do coração.

– problemas gastrointestinais

– problemas respiratórios

– em recém-nascidos: retardo mental, comprometimento do crescimento.

– o coma mixedematoso, uma complicação rara e grave do hipotireoidismo, caracterizado por um estado de coma (problemas respiratórios, redução da temperatura do corpo, convulsões). Esta doença pode levar à morte.

Tratamentos

O hipotireoidismo é tratado através do uso cotidiano de hormônios tireoidianos como a tiroxina ou T4, vendida sob o nome do princípio ativo levotiroxina, que deve ser tomado em forma de comprimidos.

Existem inúmeras dosagens deste medicamento e somente um médico poderá prescrever e acompanhar da melhor forma a terapia (com exames de sangue, por exemplo).

A dosagem máxima cotidiana deve ir até 200µg e é importante não ultrapassar essa dose. Na maioria dos casos, a dosagem cotidiana deve permanecer entre 50 e 200 µg de levotiroxina.
É possível observar uma melhoria dos sintomas cerca de 3 semanas após o início do tratamento.

Ressaltamos que nem sempre é fácil conseguir encontrar rapidamente a posologia correta e a melhor dosagem, e é por isso que no início serão feitos testes com acompanhamento médico, a fim de encontrar a dosagem mais adequada. Será necessário também reavaliar periodicamente (a cada 6 meses, por exemplo) a dosagem da tiroxina.

No início da terapia, o médico, geralmente tende a prescrever uma dose baixa de hormônios, em seguida, irá aumentar gradualmente até atingir a dose de manutenção adequada para cada caso.

Reconsideração em relação à utilização da levotiroxina em determinadas situações:
Um estudo publicado em abril de 2017 no conhecido periódico científico The New England Journal of Medicine mostrou que a utilização da levotiroxina em certas formas de hipotireoidismo (hipotireoidismo subclínico ou em inglês subclinical hypothyroidism) não apresentou nenhum benefício em pessoas idosas. Em outras palavras, as pessoas idosas que tomavam levotiroxina não diminuíram os sintomas do hipotireoidismo.

Se o hipotireoidismo for causado devido à uma carência em iodo, o mesmo será prescrito.  A carência em iodo permanece sendo muito rara no Ocidente e mais freqüente nos países em desenvolvimento.

Dicas

Em caso de hipotireoidismo, tome regularmente os seus medicamentos (hormônios tireoidianos) e consulte periodicamente o seu médico.  De fato, essa é uma doença que tem cura, e para que isso aconteça, o tratamento tem que ser levado à sério (é importante tomar corretamente os medicamentos e se assegurar que está tomando a dosagem correta)

– Certifique-se de que você ingere iodo suficiente através dos alimentos (prefira o sal iodado, por exemplo). Você também pode comer alimentos naturalmente ricos em iodo, como os peixes, os frutos do mar e os laticínios.

– Se o hipotireoidismo é causado por deficiência de iodo, nem sempre é necessário a utilização de suplementação de iodo, uma vez que não cura o hipotireoidismo e pode até mesmo ter efeito prejudicial. Você deve saber que a deficiência de iodo está se tornando menos comuns, como o sal é iodado em muitos países, as pessoas consomem o iodo sem perceber.

– Certos alimentos podem prejudicar o metabolismo e aumentar a demanda de iodo, como o repolho, este vegetal contém uma substância que age sobre a tireoide e reduz a produção de hormônios tireoidianos. Outras hortaliças, como a rúcula (rúcula suíça), brócolis, couve-flor e soja também parecem limitar a produção de tiroxina, especialmente se forem consumidos crus. Esses vegetais devem ser consumidos com moderação. Tente comer alimentos ricos em fibras alimentares.

Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)

Fotos: 
Adobe Stock

Atualização:
Este artigo foi modificado em 21.12.2022

Bibliografia e referências científicas:

  1. Boletim informativo da Mayo Clinic, Mayo Clinic Health Letter, página 6, edição de dezembro de 2022, assunto principal: baixo nível da tireoide (título em inglês: Low thyroid levels)
Observação da redação: este artigo foi modificado em 21.12.2022

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