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Câncer de cérebro

Definição

Os cânceres cerebrais são tumores que se originam dentro do crânio devido à multiplicação anormal de células. Os tumores podem ser benignos ou malignos e recebem diferentes denominações dependendo do tipo celular envolvido.  Além disso, os tumores do cérebro podem ser secundários, ou seja, originados de uma metástase.

Atenção, um tumor cerebral benigno, que tem uma tendência natural de se desenvolver mais lentamente, também pode ser grave e ameaçar a vida do paciente. Um tumor benigno deve ser acompanhado por um médico para ter certeza de que não está crescendo.

Gliomas

Os gliomas ou neurogliomas são tumores originários de células responsáveis pelo suporte e nutrição dos neurônios, as células da glia. Dependendo do tipo de célula da glia, o tumor pode ser um astrocitoma (originário dos astrócitos), ependinoma (originário de células ependimais) e oligodendroglioma (originário de oligodendrócitos). Esta é a forma mais comum de câncer no cérebro. É um câncer muito agressivo e muito difícil de tratar.

Schwannomas

Esses tumores são originários das células de Schwann, que revestem os nervos.

Meningiomas

São tumores provenientes das meninges, membranas que recobrem o cérebro.

Meduloblastoma

São tumores que crescem a partir de células do cerebelo.

Hemangioblastomas

Os hemangioblastomas são tumores provenientes de vasos sanguíneos do cérebro.

Craniofaringiomas

São tumores que se originam na base do cérebro, na região hipotalâmica e da glândula pituitária.

Além desses, há outros tumores que acometem estruturas ósseas cerebrais, medula espinhal, sistema linfático, região do nervo acústico, dentre outros.

Epidemiologia

Os homens sofrem mais com câncer cerebral agressivo do que as mulheres, especialmente por causa do tamanho do cérebro, de acordo com um estudo de 2018 (leia abaixo).
Os homens têm cérebros maiores que as mulheres, porque os corpos dos homens são geralmente maiores. Isso não quer dizer que os homens são mais inteligentes, mas o homem em geral precisa de mais células cerebrais para controlar um corpo grande.
Em corpos maiores, órgãos como o coração, pulmões e cérebro também são maiores. Um cérebro maior ou grande, devido ao maior número de células cerebrais, aumenta estatisticamente o risco de desenvolver câncer no cérebro, como mostra um estudo publicado em 15 de março de 2018 na revista científica Neuro-Oncology (DOI: 10.1093/neuonc/noy043) realizado por cientistas noruegueses da Norwegian University of Science and Technology. Em outras palavras, um grande cérebro significa mais células cerebrais e mais divisões celulares que podem dar errado e assim criarem mutações que levam ao câncer. É por isso que mais homens têm câncer no cérebro do que as mulheres.

Taxa de sobrevida após 5 anos:
A taxa de sobrevida após 5 anos para câncer no cérebro foi de 36,5% nos Estados Unidos e de 27,2% na França, de acordo com um artigo publicado em janeiro de 2020 no Wall Street Journal.

Causas

Os cânceres de cérebro podem ser primários, ou seja, aqueles que se iniciam no próprio cérebro, ou secundários, quando se originam em outros tecidos e atingem o cérebro por metástase.

Os tumores cerebrais de origem primária podem ser causados por mutações no DNA das células nervosas. Assim como em outros cânceres, as causas específicas que causam mutações no DNA e levam ao desenvolvido da neoplasia, não estão bem esclarecidas, entretanto, há fatores de risco que podem contribuir para o aparecimento da doença. Dentre eles, podemos destacar:

– Fatores hereditários: o histórico familiar de câncer de cérebro está relacionado com o aparecimento de alguns tumores cerebrais, como o retinoblastoma (tumor na retina).

– Idade: Os tumores cerebrais têm mais chances de se desenvolverem com o aumento da idade, entretanto, podem acometer os pacientes em qualquer faixa etária. Alguns tumores são mais comuns em crianças, como o meduloblastoma, retinoblastoma e craniofaringioma.

– Sistema imunológico do paciente: alguns tumores cerebrais, como o linfoma cerebral, embora raro, se desenvolve em maior proporção em pacientes com sistema imunológico deficiente.

– Raça: a maioria dos tumores é mais freqüente em caucasianos. Uma exceção são os meningiomas, mais comum na raça negra.

– Exposição à radiação e produtos químicos: pessoas que foram expostas a radiações ionizantes têm risco aumentado de desenvolverem tumores de cérebro. Exposição a produtos químicos considerados carcinogênicos também pode aumentar a taxa de mutação no DNA de células nervosas.

Outra causa de tumores cerebrais é a metástase de cânceres que se originaram em outros órgãos e migraram para o cérebro. Cânceres de mama, rim, cólon, pulmão, aparelho digestório e melanoma são alguns dos tipos mais comuns que causam metástase cerebral.

Grupos de risco

O câncer de cérebro pode atingir qualquer pessoa em qualquer idade. Entretanto, alguns grupos podem ter uma chance maior de desenvolvimento da doença. Pessoas com fatores genéticos hereditários ou histórico familiar de câncer de cérebro constituem um grupo de risco para desenvolvimento da doença.

Crianças também são mais propensas a serem acometidas por alguns tipos específicos de tumor. Pessoas que se expõem muito a radiações ionizantes ou produtos químicos carcinogênicos também podem ser afetadas pela doença.

É importante ressaltar que, assim como em outros tipos de tumor, tanto fatores genéticos quanto fatores ambientais estão relacionados com o surgimento de neoplasias. Se você possui fatores de risco para o desenvolvimento da doença e apresentar sintomas suspeitos, consulte um especialista.

Fatores de risco que desencadeiam a doença são:

– Exposição a agentes químicos carcinogênicos, como pesticidas, solventes orgânicos e poluentes.

– Fumo.

– Exposição a metais pesados tóxicos, como chumbo, arsênio, etc.

– Exposição à radiação eletromagnética de alta energia, como raios ionizantes, raio-X, etc.

Além disso, fatores de risco que desencadeiam outros cânceres, como o de mama, pulmão, melanoma, etc podem resultar em cânceres cerebrais metastáticos.

Sintomas

Os sintomas do câncer de cérebro dependem de que tipo de tumor está em desenvolvimento e do grau de lesão do tecido cerebral. Alguns sintomas gerais de um tumor cerebral são:

Dores de cabeça, normalmente intensa e constante. O tipo de dor de cabeça pode mudar e pode se tornar mais frequente;

Náuseas e vômitos que começam sem uma causa definida;

– Problemas visuais, como visão embaçada ou borrada, visão dupla e perda de visão periférica;

– Perda de sensação de movimento das pernas e braços. Esses distúrbios geralmente aparecem de forma gradual;

– Dificuldades de equilíbrio;

– Pressão arterial oscilante;

– Dificuldades na fala;

– Dificuldades auditivas;

– Confusão mental, mudanças de personalidade e dificuldades na concentração;

– Crises de epilepsia.

Outros sintomas específicos estão relacionados com a localização do tumor, como por exemplo, perda de olfato, (tumor localizado no lóbulo frontal), esquecimento de palavras (lóbulo temporal), problemas hormonais (tumor na glândula pituitária), dificuldade de engolir (tumor no tronco cerebral), dentre outros.

Diagnóstico

O médico normalmente inicia o diagnóstico do câncer de cérebro com o exame neurológico. O exame neurológico verifica se há alterações na visão, audição, no equilíbrio, movimento, reflexos e coordenação. Dependendo dos resultados, o médico pode pedir exames complementares para verificar a existência de alguma alteração no tecido cerebral. Alguns desses testes são:

– Testes de imagem: normalmente os testes solicitados são a Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada e Tomografia por Emissão de Pósitrons. Radiografias do crânio não são eficazes para detecção do tumor.

– Exames para verificar a existência do tumor em outras partes do corpo. Nesse caso, o médico pode solicitar testes de Tomografia Computadorizada do corpo inteiro para verificar onde a massa tumoral se originou.

– Biópsia: nesse procedimento, uma parte do tecido cerebral é retirada, através de cirurgia, para avaliação do tipo de tumor envolvido e qual seu estágio. Esse exame também identifica se o tumor é benigno ou maligno. O procedimento cirúrgico normalmente é feito com agulhas que retiram pequenas porções da massa tumoral.

Complicações

Os tumores cerebrais causam não só sintomas no cérebro, como também em diversas outras regiões do corpo, uma vez que compromete funções de controle de diversos órgãos. Algumas das complicações geradas são:

– Fraqueza, dificuldades de movimentos de membros e perda do equilíbrio;

– Alterações visuais e perda de audição;

– Dores de cabeça, causadas pelo tumor em si ou pelo aumento da pressão do cérebro;

Crises convulsivas;

– Alterações psiquiátricas, como mudanças de personalidade.

O tumor cerebral, quando atinge determinadas regiões, como a glândula pituitária, pode gerar complicações hormonais. Isso pode alterar o perfil hormonal do paciente. Mulheres podem apresentar menstruações irregulares ou hirsutismo (crescimento de pêlos) e homens problemas como ginecomastia.

Tratamentos

O tratamento para os tumores do cérebro depende de sua localização e tipo e pode ser feito de 3 maneiras diferentes:

Cirurgia câncer de cérebro

A cirurgia dependerá de onde o tumor estiver localizado e de seu tamanho. Alguns tumores são pequenos e fáceis de serem separados dos tecidos adjacentes, tornando a cirurgia possível. Em contrapartida, alguns tumores localizam-se em regiões muito sensíveis do cérebro, o que torna a cirurgia arriscada e inviável. O tumor pode ser acessado pela abertura do crânio (caixa óssea) através da craniotomia (retirada de parte óssea do crânio, seguida de recolocação) ou craniectomia (retirada de parte óssea do crânio, sem recolocação). O tumor pode ser extraído totalmente ou parcialmente.

Radioterapia câncer de cérebro

A radioterapia irradia o tumor com raios de alta energia para matar as células cancerígenas. A radioterapia pode ser feita da maneira convencional, ou seja, com a aplicação de radiação a uma certa distância do tumor.

Outra abordagem é a radiocirurgia ou cirurgia estereotáxica. Não se trata de uma cirurgia. Nesse caso, os raios são direcionados precisamente para o tumor, de forma que o tecido ao redor receba pouca ou nenhuma dose de radiação.

Outra técnica é a braquiterapia. O material radioativo é colocado a uma curta distância do tumor, ou mesmo dentro da massa tumoral. Essa terapia pode ser usada de forma única ou complementar a radioterapia convencional.

Quimioterapia câncer de cérebro

Na quimioterapia, medicamentos são utilizados para matar as células cancerígenas do cérebro. O uso de drogas pode ser feito em combinação com a radioterapia ou com a remoção cirúrgica. Os medicamentos destinados para o câncer de cérebro devem ter características especiais a fim de atravessar a barreira hematoencefálica, uma barreira que protege o sistema nervoso.

Um dos medicamentos usados é o bevacizumabe. Trata-se de uma droga que age especificamente em células anormais do cérebro e reduz o tamanho da massa tumoral. Outra droga que recentemente mostrou eficácia contra o câncer de cérebro é o dicloroacetato (DCA), utilizado para acidose láctica em crianças. A droga testada resultou num estacionamento do tumor nos 15 meses de tratamento. Entretanto, como o composto foi testado em poucos pacientes, mais estudos são necessários. Outro medicamento, ainda em estudo, tem código ANG1005. Ele se liga a receptores específicos, chamados LRP-1 e é internalizado pelo cérebro, sendo levado à massa tumoral. Outro medicamento frequentemente utilizado na quimioterapia é a temozolomida (Temodar®).

Tratamentos medicamentosos direcionados
Os tratamentos com medicamentos direcionados geralmente visam certas células de maneira específica. Por exemplo, uma terapia envolve o bloqueio da formação de novos vasos sanguíneos, bloqueando o fornecimento de nutrientes às células tumorais. Outros tratamentos medicamentosos são direcionados a certas enzimas.

Efeitos colaterais dos tratamentos câncer de cérebro

Os tratamentos para o câncer podem causar muitos efeitos colaterais ao paciente. No caso da cirurgia há risco de infecções e sangramentos. Ademais, funções cerebrais podem ficar comprometidas dependendo do procedimento cirúrgico.

Na radioterapia, os efeitos colaterais do tratamento podem ser náuseas, fraqueza, fadiga, vômitos, queda de cabelo e perda de apetite. Na quimioterapia, os efeitos colaterais são semelhantes, podendo variar de acordo com o tipo de medicamento usado. Pode-se observar, além dos citados, alterações hematológicas (anemia, distúrbios da coagulação), boca seca, maior chance de infecção, diarréia, dentre outros.

Devido à possibilidade de alteração em funções como fala, audição, visão e movimento, é importante que, associado ao tratamento, haja uma reabilitação do paciente. Fisioterapia, terapias cognitivas, acupuntura, terapias ocupacionais, terapias de fala etc, são extremamente importantes na recuperação do doente.

Dicas

Os tratamentos para o câncer no cérebro podem causar diversos efeitos colaterais. Converse com o seu médico, pois ele pode receitar medicamentos específicos para amenizar esses efeitos. Seu médico poderá indicar:

– antiácidos;

– analgésicos, para ajudar a controlar a dor;

– corticosteróides, que ajudam a reduzir o inchaço do cérebro;

– anticonvulsivantes;

– antieméticos, que auxiliam no controle das náuseas e vômitos;

– hormônios, caso seja necessário a reposição hormonal.

Além disso, terapias alternativas como yoga, acupuntura, meditação, dentre tantas outras podem ajudar o paciente a conviver coma doença. É importante que o paciente, nessa condição, encontre apoio na família e amigos, bem como tenha sempre o acompanhamento médico para tirar quaisquer dúvidas a respeito da doença. Vale lembrar que ter um tumor cerebral não é uma sentença de morte e que muitos pacientes conseguem ter uma vida normal convivendo com a doença.

Prevenção

O câncer de cérebro é uma doença complexa e não se sabe especificamente as causas que levam ao aparecimento de tumores. Portanto, é difícil estabelecer regras de prevenção sobre a doença. Entretanto, algumas dicas gerais são válidas:

– Evitar exposição a toxinas e agentes cancerígenos, como pesticidas, inseticidas etc. Além disso, mantenha hábitos saudáveis de vida e pratique esportes. O hábito de se exercitar elimina toxinas e substâncias oxidativas do corpo, que podem causar dano às células;

– Controle o nível de estresse: os altos níveis de estresse causam alterações bioquímicas que podem lesar as células;

– Se você já tem histórico familiar de tumores cerebrais ou outro tipo de câncer, converse com seu médico e faça consultas frequentemente.

Fontes e Referências:
Mayo Clinic, Neuro-Oncology ( DOI: 10.1093/neuonc/noy043), The Wall Street Journal

Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)

Fotos: 
Fotolia.com

Atualização:
Este artigo foi modificado em 20.02.2020

Observação da redação: este artigo foi modificado em 20.02.2020

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