Câncer de tireóide
Definição
O câncer da tireóide é uma neoplasia que se origina na tireóide, uma glândula que se localiza na região do pescoço e é responsável pela produção dos hormônios tireoidianos. A tireóide é formada por dois lobos, o esquerdo e o direito, ligados por um istmo; todo o conjunto tem o formado da letra H. Os hormônios da tireóide são importantes para todo o metabolismo do corpo e ele coordena muitas reações bioquímicas fundamentais para a vida.
Existem diversos tipos de tumores da tireóide. O mais comum é o carcinoma papilífero, responsável por cerca de 80% dos casos. É, normalmente, um tumor com bom prognóstico e que reage bem aos tratamentos. Entretanto, pode gerar metástases.
O segundo tipo mais frequente é o carcinoma folicular que representa cerca de 15% dos tumores da tireóide e apresenta mortalidade de cerca de 10%.
O carcinoma medular é um tipo agressivo da doença, caracterizado por alta mortalidade. Ele constitui 5% dos tumores de tireóide.
Outros tipos de tumores incluem os carcinomas anaplásico (cerca de 2% dos casos) e o carcinoma de células de Hürthle (muitas vezes classificado como um carcinoma folicular).
Epidemiologia
Dentre os tipos de tumores de tireóide, o mais comum é o carcinoma papilar, que corresponde a cerca de 80% dos casos da doença.
O câncer de tireóide é cerca de 3 vezes mais frequente no sexo feminino. Nos Estados Unidos, a doença corresponde a cerca de 3% de todos os cânceres que atingem as mulheres. Na população mundial, o câncer de tireóide é pouco frequente, com incidência de 2 a 5% nas mulheres e menos de 2% nos homens. Os locais considerados de alto risco são a América Central, Japão e Ilhas do Pacífico.
Causas
As causas do câncer de tireóide ainda não estão totalmente esclarecidas. A exposição a radiação ionizante, seja ambiental ou devido a tratamentos, é frequentemente apontada como um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de câncer de tireóide, sobretudo do tipo papilar.
Outra possível causa é a dieta deficiente em iodo. Esse fator aumenta a incidência de carcinoma folicular da tireóide. O excesso de iodo também está associado ao maior risco de desenvolvimento da doença.
Outras possíveis causas do câncer de tireóide incluem:
– Bócio (causado pelo hipertireoidismo ou hipotireoidismo).
– Histórico familiar de câncer de tireóide.
– Fatores genéticos que aumentam o risco de cânceres glandulares.
Grupos de risco
Os principais grupos de risco para o câncer de tireóide são:
– Pacientes expostos a radiação ionizante, seja por tratamento para o câncer ou ambiental.
– Pacientes com bócio (que pode ser causado pelo hipotireoidismo ou hipertireoidismo).
– Pacientes como dieta rica ou pobre em iodo. Em ambos os casos, há hiperplasia das células da tireóide, o que pode aumentar o risco de câncer de tireóide (tipo folicular).
– Mulheres. No caso do carcinoma papilar, o pico de incidência se dá entre os 20 e 40 anos. No caso do carcinoma folicular e medular, o pico está entre 40 e 60 anos.
– Pessoas com histórico familiar de câncer de tireóide ou outros tipos de tumores.
– Pacientes com a condição genética conhecida como Polipose Adenomatosa Familiar (condição que se caracteriza pelo aparecimento de pólipos no intestino grosso).
Sintomas
câncer de tireóide, nos estágios iniciais, pode não apresentar sintomas. À medida que a massa tumoral cresce, alguns sintomas podem aparecer, como:
– Sensação de caroço na região do pescoço e garganta.
– Aumento da circunferência do pescoço.
– Dificuldades para engolir e respirar (devido à compressão da traquéia).
– Alteração da voz.
– Rouquidão.
– Tosse persistente.
– Aumento dos linfonodos do pescoço.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de tireóide é normalmente iniciado com exame físico. O médico irá fazer uma inspeção para averiguar se não há nenhuma massa anormal na região do pescoço ou algum caroço nos linfonodos.
Dependendo do resultado desse exame físico, o médico poderá pedir exames mais detalhados, como:
– Exame de sangue, para verificar alterações nos níveis de hormônios da tireóide.
– Testes de imagem, como ressonância magnética, raio-X e ultrassonografia. Eles mostram como está a situação da glândula tireóide e se tem alguma alteração nela.
– Biópsia: com esse procedimento, o médico irá retirar uma parte do tumor e verificar qual o tipo celular atingido e qual o grau de desenvolvimento do tumor.
Um estudo publicado em 2016 na revista científica New England Journal of Medicine mostrou que em vários países de alta renda, como a Coreia do Sul, os Estados Unidos e a França, o câncer de tiroide era “super-diagnósticado”. Como resultado, uma cirurgia para remover a glândula tiroide foi muitas vezes realizada sem que isso tivesse sido de fato necessário. Este estudo foi realizado pela IARC, a instituição de pesquisa do câncer ligado a OMS e com sede em Lyon (França). Para melhorar esta situação, métodos de diagnóstico e rastreio devem ser melhorados.
Complicações
O câncer de tireóide quando detectado cedo tem altas chances de cura, sobretudo o tipo papilífero. Entretanto, algumas complicações podem aparecer, como:
– Lesões na laringe que comprometem a voz, deglutição ou respiração.
– Remoção acidental das glândulas da paratireóide durante a cirurgia de remoção do tumor. Isso pode resultar em níveis baixos de cálcio e afetar todo o organismo, já que essas glândulas regulam o metabolismo desse mineral.
– Disseminação do câncer para outros órgãos e partes do corpo (metástase). Nesse sentido, o tumor pode se espalhar para os linfonodos, pulmão, ossos ou outros tecidos ao redor da tireóide.
Tratamentos
O tratamento do câncer de tireóide irá depender do tipo de tumor (carcinoma papilífero, medular, etc), do estágio da doença e do comprometimento da tireóide. O médico irá avaliar o quadro do paciente e poderá optar pela cirurgia, radioterapia ou quimioterapia como tratamento.
Cirurgia
A cirurgia tem como objetivo remover o máximo possível da massa tumoral. Muitos médicos preferem remover completamente a tireóide, procedimento conhecido como tireoidectomia. Em muitos casos, o cirurgião deixa um pequeno contorno ao redor das glândulas da paratireóide, para que estas não sejam removidas e não prejudique o equilíbrio de cálcio no paciente.
Outra possível cirurgia é a remoção é a remoção dos linfonodos do pescoço. Esse procedimento evita que os linfonodos sejam afetados por alguma possível metástase.
Após a cirurgia de remoção da tireóide, o paciente normalmente utiliza medicamentos para suprir a deficiência de hormônios tireoidianos, como a levotiroxina.
Radioterapia
A radioterapia externa é normalmente indicada para matar as células tumorais. Outro procedimento é a administração de iodo radioativo para tratamento, sobretudo após a cirurgia de tireoidectomia. Nesse caso, o iodo radioativo irá falar as células tumorais remanescentes da tireóide.
Quimioterapia
A quimioterapia é a aplicação de fármacos para matar as células tumorais. Ela não é muito utilizada nos casos de câncer de tireóide, mas pode ser combinada com a radioterapia ou cirurgia para potencializar os resultados. Os medicamentos normalmente utilizados incluem iodo radioativo e drogas citotóxicas.
Fitoterapia câncer da tireóide
Até o momento, não existe planta medicinal comprovadamente eficaz contra o câncer de tireóide. Entretanto, a fitoterapia pode ser usada em favor do paciente para amenizar os sintomas da doença e reduzir os efeitos colaterais dos tratamentos. Algumas plantas utilizadas são:
– Valeriana: usada para melhorar o sono.
– Camomila: usada para acalmar e melhorar o sono, também na prevenção.
A camomila, combinada com a dieta mediterrânea, pode ser a causa desta diminuição do risco de câncer. O estudo constatou que o consumo de chá de sálvia também levou a uma diminuição do risco de câncer, mas não tanto quanto o chá de camomila. Na Grécia, cerca de 1,6 pessoas em 100.000 habitantes são diagnosticadas com câncer de tireoide a cada ano, contra 13,2 pessoas nos Estados Unidos e 5,2 pessoas na Europa, por 100.000 habitantes. Os flavonoides, encontrados no chá de camomila, podem estar por trás deste efeito protetor contra o câncer.
– Melissa: melhora problemas estomacais e digestivos.
– Boldo: usado para melhorar problemas de digestão e estomacais.
– Rooibos: usado para problemas digestivos. Estudos têm sido conduzidos com essa planta para verificar sua atividade anti-câncer devido à presença de agentes antioxidantes.
Dicas
– Converse com o seu médico sobre o seu tratamento. Se os efeitos colaterais estiverem difíceis de suportar, fale com a equipe médica para que medicamentos sejam administrados para amenizar os efeitos.
– Converse com o seu médico sobre a necessidade de ter suplementos de cálcio caso as glândulas da paratireóide sejam removidas.
– Tente melhorar sua qualidade de vida. Inclua frutas, legumes e verduras em sua dieta. Exercite-se constantemente.
Prevenção
Veja abaixo algumas medidas que podem prevenir o câncer de tireóide:
– Se você tem altas chances de desenvolvimento do tumor (por fatores genéticos ou por histórico familiar da doença), converse com o médico sobre a possibilidade de cirurgia de remoção do tumor, nesse caso conhecida como tireoidectomia profilática. Ele irá falar quais os prós e contras desse tipo de procedimento.
– Evite se expor desnecessariamente a radiações ionizantes.
– Se você trabalha diretamente com radiação ionizante, use o material e vestimentas apropriados para o seu tipo de tarefa. Algumas pessoas podem utilizar iodeto de potássio para evitar os efeitos da radiação na tireóide.
– Se você vive próximo a locais com radiação ionizante, talvez o seu médico indique iodeto de potássio como medida profilática.
Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)
Fotos:
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Atualização:
Este artigo foi modificado em 12.11.2018