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Doença do refluxo gastresofágico

Resumo doença do refluxo gastresofágico

A Doença do Refluxo Gastresofágico (ou também Doença do Refluxo Gastroesofágico – DRGE) é uma doença crônica na qual o conteúdo ácido do estômago volta ao esôfago lesionando-o.

O número de pacientes com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é cada vez maior nos últimos anos. Principalmente devido aos maus hábitos alimentares e ao aumento de pessoas acima do peso ou obesas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Estima-se que de 10-15% da população ocidental apresente a doença e 5% dos orientais sofram de DRGE. No Brasil, não há dados precisos sobre a prevalência da doença.

A DRGE ocorre quando o conteúdo gástrico sobre para o esôfago por falhas no tônus do esfíncter inferior esofágico. Alimentação inadequada, estresse, tabagismo, consumo de álcool e sobrepeso são alguns dos fatores que desencadeiam a doença. Pacientes diabéticos, mulheres grávidas e pacientes obesos apresentam risco aumentado da doença.

Os sintomas incluem queimação, dor no peito, falta de ar e chiado.
O diagnóstico é feito por um médico especialista que pode pedir alguns exames, como pHmetria, cintilografia, raio-X e endoscopia digestiva alta.

Algumas complicações apresentadas são a esofagite e o esôfago de Barret, condição essa que aumenta o risco de câncer.

Os tratamentos se baseiam no uso de medicamentos que diminuem a quantidade de ácido produzida, como antiácidos, inibidores de receptores de histamina e inibidores de bomba de prótons. Além disso, pró-cinéticos são úteis no tratamento.

Algumas plantas medicinais como a camomila e o alcaçuz bem como medicamentos homeopáticos podem auxiliar no tratamento.

É importante que o paciente siga uma alimentação correta e adequada, reduza o tabagismo e consumo de álcool, mantenha um peso saudável e reduza o estresse para que evite os episódios de DRGE.

Perguntas e Respostas
“Tenho mau hálito fora do normal, chega a sair pela respirçao de tão forte o odor. Já não sei mas o que fazer meu convívio social é péssimo. Eu tenho gastrite e cheguei a pensar que é por isso. Nome da gastrite que tenho é esofagite grau 1 – savary miller,  gastrite enantematosa intensa de antro. Esse tipo pode causa mau hálito?”

Resposta do farmacêutico (por Adriana Sumi)
A gastrite, a esofagite e a Doença do Refluxo Gastroesofágico – DRGE (que talvez você também tenha), podem causar o mau hálito tanto devido a bactérias que causam a gastrite, como também possíveis infecções decorrentes da DRGE e esofagite. O aumento do mau hálito pode ser um sinal de piora do quadro ou uma infecção, que merece ser investigada.

Outros problemas de saúde, como problemas dentários, sinusites, problemas na cavidade bucal, também podem ser a causa do mau hálito.

Para um tratamento efetivo contra o mau hálito é necessário identificar e tratar adequadamente a causa do mau hálito, pois outros tratamentos paliativos não irão resolver o problema, apenas amenizar o odor momentaneamente.  Além dos problemas sociais, o mau hálito pode ser um sinal de um problema de saúde.

Recomendamos que procure um gastroenterologista para verificar o melhor tratamento para o seu caso.

Saiba mais em: mau hálito

Definição DRGE

A Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE) é uma doença caracterizada pelo retorno do suco gástrico ácido para o esôfago, causando lesão à mucosa esofágica. Os machucados causados na mucosa do esôfago são responsáveis pela esofagite. A azia é a sensação de queimação causada por esse retorno do ácido gástrico.

De acordo com o diagnóstico da DRGE esta pode assumir diversas classificações, como refluxo fisiológico, refluxo ortostático, refluxo supino e refluxo combinado.

Epidemiologia

A Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE) tem distribuição mundial. Estima-se que nos Estados Unidos de 4-9% da população sofra da DRGE. A pirose, ou azia, é um dos principais sintomas apresentados pelos pacientes com a doença e a detecção desse sintoma é aceita como marcador da doença. Estatísticas mostram que de 20-40% das pessoas apresentam sintomas de pirose. Mas nem todos que têm pirose ou azia apresentam DRGE. Dessa população, de 20-40% apresentam a doença do refluxo.

No Brasil faltam dados precisos com relação à incidência de pirose e DRGE. Um estudo feito por Oliveira e colaboradores detectou que sintomas de pirose ou amargor na boca estavam presentes em 31,3% da população de Pelotas, Rio Grande do Sul. Uma revisão da literatura médica apontou que os estudos mostram que a prevalência da doença é de 10-15% no mundo ocidental e 5% no oriente.

A DRGE pode acontecer em todas as idades, sendo mais frequente em pessoas acima dos 40 anos de idade, atingindo tanto homens quanto mulheres.

Causas DRGE

A Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE) é causada pelo retorno constante do conteúdo gástrico ácido do estômago para o esôfago. Ao final do esôfago há um anel muscular, denominado esfíncter esofagiano, que se fecha para que o conteúdo gástrico não retorne. Entretanto, quando esse esfíncter não se fecha totalmente ou está anormalmente relaxado, o conteúdo ácido pode retornar e lesionar a mucosa esofágica.

O retorno constante desse conteúdo caracteriza a DRGE. Essa condição piora quando a pessoa se dobra ou está deitada.

Além disso, alguns fatores podem piorar esse relaxamento anormal do esfíncter, como tabagismo, diabetes, asma,obesidade, síndrome de Zollinger-Ellison, desordens no tecido conjuntivo como escleroderma, dentre outros. Há também fatores (ler Grupos de risco) que levam à produção exagerada de ácido pelo estômago, como alimentação inadequada, consumo de frutas cítricas e café.

A gravidez também aumenta o risco de DRGE.

Grupos de risco

Alguns fatores de risco podem contribuir para o aparecimento da Doença do Refluxo Gastresofágico.

Dentre eles, a alimentação figura como uma das mais importantes. Pacientes com alimentação inadequada compõem um grupo de risco para a doença. Alguns alimentos que devem ser evitados são:

– Frutas cítricas

– Café

– Comidas gordurosas e frituras

– Condimentos e molhos

– Pimentas e pimentões

– Vinagre

– Refrigerantes

Além desses alimentos, alguns grupos específicos apresentam risco aumentado de refluxo. Dentre eles, podemos destacar:

– Pacientes diabéticos

– Pacientes obesos

– Pacientes com escleroderma (uma doença do tecido conjuntivo)

– Pacientes com síndrome de Zollinger-Ellison

– Pacientes com hérnia de hiato

– Pacientes com demora no esvaziamento gástrico

– Mulheres grávidas

Sintomas

Os sintomas da Doença do Refluxo Gastresofágico são caracterizados pelo retorno do conteúdo ácido e lesão na mucosa do esôfago. Dentre eles, podemos citar:

– Sensação de queimação no peito (azia), por vezes se espalhando pela garganta.

– Gosto amargo na boca.

– Dor no peito.

– Tosse seca.

– Dor de garganta com inflamação.

– Regurgitação.

– Sensação de algo entalado na garganta.

– Engasgo constante.

– Falta de ar com chiado no peito.

Em crianças, o refluxo pode acontecer com devolução do conteúdo da mamada, o que pode ocasionar engasgos, choro, sono repetido e predisposição a infecções do trato respiratório superior.

A DRGE pode ser assintomática, ou seja, sem sintomas.

O suco gástrico também pode entrar nos pulmões, o que pode levar à asma, bronquite ou pneumonia.

O refluxo gastresofágico manifesta principalmente à noite após o jantar.

Diagnóstico DRGE

O médico fará uma investigação clínica sobre os sintomas apresentados pelo paciente. Se você possui azia e queimação constante que piora quando deitado ou em posição dobrada, procure um médico para que ele possa fazer os exames adequados.

Na maioria dos casos o diagnóstico de DRGE é obtido após uma descrição dos sintomas do paciente.

Dentre esses exames, podemos citar:

– Endoscopia digestiva alta (EDA): esse teste permite avaliar o estado da mucosa e anatomia interna do esôfago, além de permitir a biópsia. Esse exame fornece resultados que permite a classificação da esofagite (pelo critério de Savari-Miller e de Los Angeles) e outras condições associadas à doença.

– Biópsia e exames de citologia: permite avaliar a histologia, ou seja, o estado do tecido do esôfago.

– Raio-X da parte superior do sistema digestório: nesse exame, o paciente ingere uma solução de bário que permite que o médico veja, no raio-X, toda a silhueta e contorno do estômago, esôfago e duodeno.

– Manometria: nesse teste, há avaliação do peristaltismo e verifica a resposta dos esfíncteres frente à pressão e extensão de relaxamento.

– phMetria de 24 horas: esse exame avalia o pH gástrico e fornece informações sobre quanto tempo durou cada refluxo, quantas vezes ocorreu e os resultados dele. Dessa forma, é possível classificar o refluxo como:

Tipo de refluxo

Refluxo ortostático (em pé)

Refluxo supino (deitado)

Refluxo fisiológico

< 8,2%

< 3,0%

Refluxo ortostático

> 8,2%

< 3,0%

Refluxo supino

< 8,2%

> 3,0%

Refluxo combinado

> 8,2%

< 3,0%

– Cintilografia: nesse caso o paciente ingere uma substância radioativa inofensiva que permite que uma imagem seja gerada através da radiação emitida.

Complicações DRGE

A exposição constante do esôfago ao suco gástrico ácido pode ocasionar ulcerações no esôfago, diminuição do diâmetro esofágico causado pela cicatrização das úlceras, alterações na mucosa esofágica que aumentam a probabilidade de câncer (condição conhecida como esôfago de Barrett). Homens caucasianos têm maior risco de desenvolver esôfago de Barrett.

Outra complicação importante é a esofagite que aparece em cerca de 50% dos pacientes com DRGE. Essa condição pode ser classificada como segue:

– Grau I: eritema

– Grau II: erosões lineares não confluentes

– Grau III: erosões circulares confluentes

– Grau IV: estreitamento do lúmen esofágico ou esôfago de Barrett.

A síndrome de Barrett aumenta em um fator de 30, o risco de desenvolver câncer de esôfago.

Tratamentos DRGE

O principal tratamento é o medicamentoso, que na maioria das vezes depende da ingestão dos inibidores da bomba de próton (por exemplo, omeprazol), diminuindo a produção de ácido gástrico.

Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária, geralmente realizada por laparoscopia.

Algumas drogas usadas são:

– Antiácidos: neutralizam o excesso de ácido produzido pelo estômago. Alguns medicamentos antiácidos possuem como base o hidróxido de magnésio e hidróxido de alumínio. Outros medicamentos são: carbonato de cálcio e bicarbonato de sódio.

– Bloqueadores do receptor H2 de histamina: reduzem a quantidade de ácido produzido. Como exemplos temos: ranitidina, cimetidina, amotidina e nizatidina. A duração da ação desses medicamentos pode chegar a 12 horas.

– Inibidores de bombas de prótons: são mais potentes que os inibidores H2 de histamina e têm ação mais prolongada. Nessa classe temos o omeprazol, lansoprazol, esomeprazol e rabeprazol.

– Pró-cinéticos: esses medicamentos aumentam a pressão do esfíncter esofagiano e melhoram o esvaziamento gástrico. Nessa classe temos a metoclopramida, bromoprida, cisaprida, eritromicina e domperidona.

O médico pode associar medicamentos para uma melhor resposta clínica do paciente. Além disso, diferentes esquemas terapêuticos são adotados na terapia de manutenção.

O baclofeno, que atua como um relaxante, às vezes é indicado na DRGE com sintomas graves. Este medicamento é prescrito em principalmente por médicos nos Estados Unidos.

Cirurgia                                                         
Em alguns casos graves, o médico pode realizar uma cirurgia agindo no esfíncter esofágico inferior (cárdia). A inserção de um aparelho (anel), chamado LINX, ao nível do esfíncter é outro método cirúrgico possível.
No entanto, a cirurgia raramente é utilizada.

Fitoterapia DRGE

Algumas plantas medicinais podem ajudar a controlar os sintomas da Doença do Refluxo Gastroesofágico e produção de ácido. Alguns exemplos:

Camomila

Alcaçuz

Espinheira-santa

– Beldroega

Gengibre

– Cenoura

– Batata

– Alga Carolina

Dicas

Algumas dicas podem ajudar a controlar e até mesmo prevenir os episódios de Doença do Refluxo Gastresofágico.

– Eleve a cabeceira da cama em cerca de 30 graus.

– Evite após as refeições.

– Pratique exercícios regularmente (se possível 30 minutos por dia), o objetivo é principalmente perder peso, que é um fator de risco para DRGE 1. Na verdade, o excesso de gordura na região abdominal pode exercer pressão sobre o estômago e empurrar o conteúdo de volta para o esôfago.

– Reduza o consumo de álcool e cigarro.

– Siga corretamente as instruções médicas e tome os medicamentos sempre nas horas adequada e indicada.

– Fique atento aos fatores que desencadeiam as crises de refluxo e tente evitá-los.

– Lutar contra o estresse, uma possível causa de refluxo gastresofágico. Algumas técnicas de relaxamento e a prática de exercícios regulares são boas maneiras de reduzir o estresse.

Prevenção

Algumas dicas de prevenção da doença e dos episódios de DRGE:

– Mantenha uma alimentação saudável. Evite gorduras e excessos.

– Evite o consumo exagerado de frutas cítricas.

– Pratique exercícios, eles ajudam a manter uma vida saudável e controlar o peso.

– Evite fumar.

– Consuma álcool moderadamente.

– Cuidado com alimentos muito condimentados e com temperos exóticos. Eles podem aumentar a produção de ácido pelo estômago.

– Evite usar roupas muito apertadas ou cintos na região abdominal.

– Cuidado com o consumo de café e produtos com cafeína. Esse composto aumenta a produção de ácido gástrico. Se possível, não beba mais do que 2 xícaras de café, chá ou refrigerante por dia.

– Não deite ou sente logo após as refeições.

– Em alguns casos é necessário subir o travesseiro na hora de dormir, de forma que a cabeça fique um pouco mais elevada.

– Evite comer grandes quantidades de comida. Ao invés disso, faça pequenas refeições regulares.

– Reduza o consumo de refrigerantes. Eles possuem muito ácido e podem piorar o quadro de azia e DRGE.

Fontes: 
JAMA Internal Medicine

Última atualização:
21.06.2021

Escrito por:
Xavier Gruffat (farmacêutico)

Bibliografia e referências científicas:

  1. Revista americana sobre saúde Prevention, edição de abril de 2021, citando estudo publicado no JAMA Internal Medicine que levou em consideração dados de 43.000 mulheres (do Nurses’ Health Study)
Observação da redação: este artigo foi modificado em 21.06.2021

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