Câncer de ovário
Definição
O câncer de ovário, ou câncer ovariano, é uma neoplasia ginecológica que atinge os ovários. Os ovários são glândulas femininas responsáveis pela produção de hormônios femininos (estrógeno e progesterona), do hormônio testosterona e de óvulos para a fecundação. Cada mulher possui 2 ovários localizado ao final das tubas uterinas.
O câncer de ovário normalmente se origina nas células superficiais do ovário (células epiteliais) e esse tipo de tumor é chamado de carcinoma epitelial. Outro tipo comum de tumor é o tumor maligno das células germinativas, que dão origem aos ovócitos. Os tumores de estroma atingem as células produtoras dos hormônios femininos e da testosterona.
Epidemiologia
O câncer de ovário corresponde a cerca de 6% do total de neoplasias que acometem a mulher e o risco de que uma mulher tenha esse tipo de câncer ao longo da vida é de 1 caso a cada 69 mulheres. Aparentemente, a incidência de câncer de ovário é maior em países industrializados como Estados Unidos, países da Europa Ocidental, Israel e Canadá. A idade médica de incidência da doença está entre 50 e 59 anos.
De acordo com o Centro Hospitalar Universitário Vaudois na Suíça, a maioria das pacientes com câncer em estágio avançado apresenta recaídas dentro de dois anos e morrem em cinco anos. Esse mesmo centro vem desenvolvendo uma vacina contra o câncer de ovário.
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) em 2010 houve 2979 mortes pela doença e é estimado que em 2012 apareçam 6190 novos casos.
Causas
Outro fator apontado como possível causador do câncer de ovário é a atividade hormonal feminina. Mulheres que nunca amamentaram ou tiveram filhos e mulheres que apresentaram menopausa tardia têm risco aumentado de terem câncer de ovário.
Outras possíveis causas são:
– Hereditariedade (pessoas da família com câncer de mama ou de ovário – responsável por 10% dos casos).
– Contato com radiação ionizante ou solventes químicos , pois causam mutações genéticas.
– Fumo.
– Consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
– Dieta rica em gorduras.
– Utilização de medicamentos contra infertilidade.
– O tratamento de reposição hormonal (TRH) leva a um aumento no risco de desenvolvimento de câncer de ovário. Mesmo quando ele é prescrito por apenas alguns anos, a probabilidade de desenvolver um câncer é maior, de acordo com um estudo publicado em 13 de fevereiro de 2015 na revista médica britânica “The Lancet”.
Para alcançar estes resultados, os pesquisadores britânicos analisaram cerca de 50 estudos epidemiológicos, envolvendo um total de 21.488 mulheres americanas, europeias e australianas que desenvolveram câncer de ovário. Eles mostraram que aquelas que receberam a TRH tiveram um risco aumentado, em 40%, de ter câncer de ovário do que mulheres que nunca receberam tal tratamento.
Neste estudo, os investigadores britânicos notaram que o aumento do risco de câncer de ovário é “significativo” perante a duração do tratamento. Ele desaparece gradualmente após a descontinuação, mas mantém-se ainda por mais tempo conforme o tratamento é mais longo.
Se não for superior a 5 anos, o risco desaparece completamente depois de alguns anos, o que não é o caso para os tratamentos com duração mais prolongada.
Grupos de risco
Os principais grupos de risco do câncer de ovário são:
– Mulheres acima dos 50 anos.
– Mulheres que nunca engravidaram ou amamentaram.
– Mulheres que tiveram a menopausa tardia.
– Pacientes que fizeram uso de tratamentos para infertilidade.
– Pacientes com a presença dos genes BRCA1 e BRCA2.
– Mulheres com mutação genética no gene HNPCC (responsável pelo câncer colorretal).
– Mulheres que já tiveram câncer de mama ou colorretal ou ainda tiveram casos da família de um desses tipos de câncer.
– Fumantes.
– Mulheres com sobrepeso ou obesidade.
– Mulheres que fizeram tratamento hormonal para a menopausa.
Sintomas
– Inchaço abdominal.
– Sensação de pressão abdominal.
– Dor na região do abdômen, costas, pelve e pernas.
– Náuseas e vômitos.
– Perda de apetite e indisposição.
– Problemas intestinais, como indigestão, gases, diarréia ou prisão de ventre.
– Mudanças nos hábitos urinários, como necessidade frequente de urinar.
– Presença de sangue ao urinar.
Muitos desses sintomas são inespecíficos. Se você possui algum fator de risco para doença e apresenta os sintomas descritos acima, procure um médico.
Diagnóstico
Na suspeita de câncer de ovário, o médico irá analisar os sintomas apresentados pela paciente e fazer alguns exames, como:
– Ultrassonografia transvaginal.
– Exame pélvico, para avaliar se há alguma anormalidade na cavidade vaginal ou nos ovários.
Outro tipo de exame comum que o médico pode proceder é a busca por marcadores tumorais, dentre eles:
– Níveis de CA 125 (a maioria das mulheres com câncer de ovário apresenta níveis elevados de CA 125).
– Níveis de Alfafetoproteína.
– Níveis de beta-HCG.
Uma vez diagnosticado o tumor, o médico fará uma biópsia (retirada de uma pequena parte do tecido tumoral) para verificar em que estágio o tumor está. Dependendo do grau de evolução, o tumor poderá se enquadrar em uma das categorias:
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Complicações
Certamente a pior das complicações do câncer de ovário é a metástase. O câncer de ovário é muito difícil de ser diagnosticado em suas fases iniciais, pois não apresenta sintomas específicos. Isso faz com que diagnóstico seja feito quando o tumor já está em estágio avançado e, muitas vezes, disseminado para outros órgãos, como pulmões e fígado. Dessa forma, dependendo da severidade e grau de disseminação do tumor, a doença pode levar o paciente à morte.
Tratamentos
O tratamento do câncer de ovário será realizado de acordo com o tipo de tumor (qual o tipo celular atingido), grau de evolução e presença ou não de metástase. O médico irá analisar esses parâmetros e poderá adotar a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia como procedimento de tratamento.
Cirurgia
Quando diagnosticado em estágios mais iniciais, é possível que a cirurgia envolva apenas a retirada do ovário comprometido e da tuba uterina, e não comprometa a fertilidade da mulher.
Radioterapia
O procedimento de radioterapia consiste em bombardear o tumor com raios de alta energia para matar as células cancerosas ou fazê-las diminuírem de tamanho. A radioterapia é normalmente combinada com a cirurgia e a quimioterapia para otimizar os resultados.
Quimioterapia
Os medicamentos utilizados podem ser administrados isoladamente ou combinados a outros, dependendo do grau do tumor e das características da paciente. Alguns medicamentos normalmente usados incluem: alcalóides da vinca, cisplatina, carboplatina e taxanos. Em 2012 a ANVISA aprovou a combinação dos medicamentos trabectedina e doxorrubicina para o tratamento do câncer de ovário recorrente.
Recentemente, o Centro Hospitalar Universitário Vaudois da Suíça em parceria com a Universidade da Pensilvânia nos EUA desenvolveram uma vacina para o tratamento do câncer de ovário. A vacina usa células dendríticas do sistema imune do próprio paciente para atacar as células tumorais. A vacina foi bem tolerada e teve alta eficácia nos pacientes. Leia mais sobre esse importante avanço: Nova terapia promissora contra o câncer de ovário.
Fitoterapia
Além disso, as plantas medicinais podem ser usadas para amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia. Dentre as plantas utilizadas, destacam-se:
– Valeriana: para melhorar a qualidade do sono.
– Boldo: para sintomas gastrintestinais e hepáticos.
– Camomila: usada como calmante e para combate à insônia.
– Melissa: para sintomas gastrintestinais.
– Erva doce: indicada para problemas estomacais.
Há diversas outras plantas que podem ajudar na redução da dor e efeitos colaterais. Converse com o seu médico sobre isso.
Dicas
– Irregularidades menstruais.
– Dores abdominais diversas.
– Mudanças de hábitos intestinais e urinários.
– Aumento do volume do abdome.
-Sangramento ao urinar.
Se você tem suspeita do câncer de ovário, busque um médico e peça para ele fazer os exames adequados. Lembre-se de quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores as chances de cura.
Prevenção
Algumas medidas podem ser adotadas para a prevenção do câncer de ovário, dentre elas:
– Pare de fumar. O tabagismo aumenta o risco de diversas doenças, incluindo o câncer de ovário.
– Consuma álcool moderadamente.
– Tenha uma dieta balanceada com baixo teor de gordura.
– Converse com o seu médico sobre o uso de pílulas contraceptivas. Mulheres que utilizam esse tipo de medicamento têm risco reduzido de desenvolverem câncer de ovário. Mas atenção: o uso de pílulas anticoncepcionais aumenta o risco de outras doenças (como trombose, AVC, etc).
– Faça exames freqüentes se você tem casos hereditários de câncer na família, especialmente câncer de mama e colorretal.
– Vá com freqüência ao médico, caso você tenha os genes BRCA1 e BRCA2.
– Faça exames para verificar a presença de cistos nos ovários. O perigo de desenvolvimento de câncer de ovário existe quando os cistos são maiores que 10 cm e possuem áreas sólidas e líquidas.
Leia também: Nova terapia promissora contra o câncer de ovário
Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)
Fotos:
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Atualização:
Este artigo foi modificado em 12.11.2018